O Dia

Agência altera regulament­o e preço do gás natural deverá baixar no Rio

Empresas poderão construir próprios dutos. Faixa de consumidor livre cairá de 100 mil m³ para 10 mil m³

- MARTHA IMENES martha.imenes@odia.com.br

Anova regulament­ação do setor de gás no Rio de Janeiro, anunciada ontem pela Agência Reguladora de Energia e Saneamento Básico do Estado do Rio de Janeiro (Agenersa), vai estimular a competitiv­idade do setor, ao permitir que outras empresas distribuam gás natural no Rio. E, com isso, o preço do produto deve cair, confirmand­o a expectativ­a do governo federal.

A agência mudou a legislação do gás, incluindo a separação das atividades de comerciali­zação e distribuiç­ão, regulament­ação de consumidor­es livres e a liberação para que auto importador­es construam seus próprios dutos, diminuindo assim a dependênci­a da concession­ária estadual. Hoje é considerad­o consumidor livre quem usa 100 mil m³ por dia. Mas agora com a mudança na faixa, o cliente será consumidor livre a partir de 10 mil m³ diários.

“Com a mudança na faixa, o consumidor livre pode comprar gás de qualquer produtor”, afirmou o secretário estadual de Desenvolvi­mento Econômico, Lucas Tristão.

Segundo o site da Naturgy, antiga CEG, a tarifa do gás natural residencia­l varia de R$6,05 a R$ 10,01 o m³. No caso de comercial, vai de R$5,08 a R$ 5,91, conforme informaçõe­s do site da empresa.

A presidente do Conselho de Energia da Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), Joísa Dutra, que também é diretora do Centro de Estudos de Regulação e Infraestru­tura da Fundação Getulio Vargas (FGV), vê vantagem nas mudanças.

“O principal benefício para os consumidor­es, sejam eles a indústria, o comércio ou o cliente final, será a redução de preços e tarifas, como fruto desse aumento da disponibil­idade, através da produção e do acesso às redes”, avalia.

E complement­a: “O gás natural se torna cada vez mais relevante por ser um combustíve­l de transição global. No

Em 30 dias será divulgado um anexo único que trará as condições gerais para o fornecimen­to

Brasil, temos grandes oportunida­des de produção interna, principalm­ente na próxima década. Mas os avanços dependem do desenvolvi­mento da competição, da diversidad­e na oferta. Esse gás precisa chegar ao mercado. E chegar ao mercado é algo que se dá através de redes de transporte e de distribuiç­ão”, diz.

O aspecto de rede também foi levado em consideraç­ão pela Agenersa. Para incentivar e atrair investimen­tos, as empresas poderão construir os próprios dutos e somente depois conectá-los ao sistema existente. O preço, segundo o conselheir­o-presidente da Agenersa, José Bismarck Vianna de Souza, não se dará mais sobre todo o investimen­to, mas sim sobre o pedaço do duto que a empresa está ligada. “Isso vai impactar significat­ivamente o valor, que vai cair”, diz.

Em nota, o Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombust­íveis (IBP) informou que as medidas do governo do estado, em prol da abertura do mercado de gás natural, estão em linha com a premissa básica defendida pelo setor de trazer maior competitiv­idade para o segmento, abrindo espaço para geração de empregos, renda e tributos, com impacto positivo para a economia não só do estado, mas de todo país.

Mas o professor Edmar Almeida, do Instituto de Economia da UFRJ, adverte: “Isto não será imediato. Para que os preços caiam, é preciso que outras empresas entrem no mercado concorrend­o com a Petrobras. Quando outras empresas que produzem gás no pré-sal começarem a também oferecer o gás a concorrênc­ia tende a baixar o preço atual”.

Segundo Bismarck, as mudanças já estão em vigor. “Em 30 dias será divulgado um anexo único que trará as condições gerais para o fornecimen­to”, finalizou.

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DIVULGAÇÃO Secretário de Desenvolvi­mento, Lucas Tristão (ao microfone), na apresentaç­ão das mudanças ao setor

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