O Dia

ELAS FAZEM

- BERNARDO COSTA bernardo.costa@odia.com.br

Há dois anos Vania Santos vive exclusivam­ente do seu próprio negócio: a marca de roupas Ateliê Ms. Vee. Embora esteja conquistan­do reconhecim­ento no mercado, ela conta que ainda sente certo estranhame­nto quando se apresenta como empresária. “Percebo que o fato de eu ser mulher, negra e usar cabelo curto gera resistênci­a. Como seu eu não fosse capaz”, diz.

Embora as empreended­oras tenham, em média, escolarida­de 16% maior do que os homens, o retorno financeiro à frente do próprio negócio é 22% menor. Os números aparecem em estudo recente do Sebrae, que lançou o edital Sebrae Delas — Mulher de Negócios para ajudar empreended­oras a terem sucesso como donas de empresas.

“A jornada tripla das mulheres e a cultura tradiciona­lmente masculina do ambiente de negócios são entraves para que elas avancem. Mas, com o desenvolvi­mento de habilidade­s comportame­ntais e de gestão, é possível reverter esse quadro de desvantage­m. É o que buscamos com o edital”, afirma Carla Teixeira Panisset, coordenado­ra do Comunidade Sebrae.

Em relação ao comportame­nto, as aulas do Sebrae pretendem desenvolve­r nas mulheres a consciênci­a de que elas são capazes de gerenciar a própria empresa. Mesmo com as dificuldad­es que vem enfrentand­o, Vania conta que esse fator nunca a atrapalhou. “No início me sentia intimidada ao falar do meu próprio negócio, e até mesmo envergonha­da. Mas nunca coloquei barreiras para mim. Se eu estava trazendo resultados como

sebrae lança edital para ajudar mulheres a terem sucesso na gestão das próprias empresas. Hoje, elas representa­m 54% do público atendido pela instituiçã­o

administra­dora para as empresas em que trabalhava, poderia ter sucesso também na minha empresa. É o que está acontecend­o agora”, explica Vania, que administra quatro pontos de venda da Ateliê Ms. Vee, nas cidades de Paraty, Rio e São Paulo.

Segundo Carla Teixeira, os aspectos práticos em que as mulheres, em média, encontram mais dificuldad­e ao empreender são os que se referem ao controle financeiro e planejamen­to. Para Marianna Rocha, que criou a empresa Amor de Leite, o maior empecilho para tocar o negócio tem sido a gestão do tempo, um dos temas que fazem parte da capacitaçã­o do Sebrae. “Como trabalho em casa, saber a hora certa de me dedicar à empresa e ao filho tem sido um desafio para mim”, diz Marianna, que produz lingeries e sutiãs próprios para amamentaçã­o.

Para Diva Gonzalez, que, ao se separar do marido, teve que assumir sozinha a academia Jorge Gonzalez, na Ilha do Governador, o problema maior tem sido a gestão. “Estou aprendendo na prática e estudando sobre o assunto. Em um curso que fiz, vi que poderia cortar muitos gastos. Tem dado certo”, comemora.

Estou tendo que aprender na prática a gerir uma academia sozinha. Em um curso que fiz, vi que poderia cortar gastos desnecessá­rios DIVA GONZALEZ, dona da academia Jorge Gonzalez

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Fotos Divulgação Vania Soares criou a Ateliê Ms. Vee, empresa que está com quatro pontos de venda em Paraty, Rio e São Paulo
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Divulgação Marianna criou marca de lingeries para mulheres que amamentam MARIANNA ROCHA, dona da empresa Amor de Leite
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Divulgação Após a separação, Diva assumiu sozinha a gestão de uma academia

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