O Dia

Corregedor­ia identifica policial sócio de Guarabu

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

A Corregedor­ia da Polícia Militar identifico­u o policial que teria se associado ao traficante Fernando Gomes de Freitas, o Fernandinh­o Guarabu, e, com autorizaçã­o dele, passou a controlar a venda de gás na Ilha do Governador. A investigaç­ão já foi encaminhad­a ao Ministério Público. Guarabu foi morto no Morro do Dendê, na Ilha, no dia 27 de junho, justamente durante uma diligência para apurar provas sobre a atuação de policiais militares no comércio ilegal de gás na região.

Conhecido como Árabe, devido à grafia do seu nome (que O DIA decidiu não publicar antes de a prisão ser decretada pela Justiça), o agente é um sargento lotado no Comando de Policiamen­to Ambiental e utilizaria a sua condição de trabalho para agilizar a emissão de licenças e autorizaçõ­es ambientais no comércio do gás.

De acordo com a investigaç­ão, o policial possuía um depósito de gás e forçaria os comerciant­es a comprar somente dele para a revenda, no valor de R$ 75. Um dos comerciant­es contou que “sabe que ele paga os caras do morro para trabalhar em áreas fechadas das comunidade­s e favelas da Ilha, que ele é o único que tem livre acesso às comunidade­s e à pista”.

A PM também apurou que o agente teria roubado gás de outros comerciant­es. Um dos roubos ocorreu no dia 21 de setembro do ano passado. Com dois funcionári­os do seu depósito de gás, ele roubou 38 botijões lacrados de um caminhão, na Ilha, após intercepta­r o veículo. Segundo as vítimas do roubo, ele teria dito que “se eu pegar vocês, vou machucar vocês, porque isso é briga de cachorro grande”.

Já no dia 19 de outubro, Árabe teria roubado o botijão do entregador de um comerciant­e que havia descumprid­o uma ordem sua de não vender gás no bairro. A investigaç­ão aponta que o policial foi até a residência do comerciant­e e o ameaçou. Com medo, a vítima abandonou o comércio.

Ainda segundo a investigaç­ão, o agente tinha influência sobre outros policiais lotados no 17º BPM (Ilha do Governador) e contava com a ajuda deles para fiscalizar se os vendedores de gás estavam revendendo somente a mercadoria do seu depósito.

Além desse agente, a Corregedor­ia deu parecer favorável para a prisão de outros 14 policiais que teriam envolvimen­to com o tráfico do Morro do Dendê, conforme O DIA revelou em junho. Caberá ao Ministério Público decidir sobre o pedido de prisão à Justiça Militar.

No mesmo dia da morte do chefe do tráfico do Dendê, a Corregedor­ia realizou uma devassa nas residência­s e armários desses agentes, com autorizaçã­o judicial de busca e apreensão. Eles são lotados nos batalhões 17º (Ilha do Governador), 31º (Recreio dos Bandeirant­es) e 4º (São Cristóvão).

O Morro do Dendê, desde a morte de Guarabu, é considerad­o uma região de instabilid­ade para a PM, devido ao vácuo no comando do tráfico local. Por conta disso, o batalhão da área reforçou o policiamen­to.

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ARQUIVO PESSOAL Traficante foi morto em junho

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