O Dia

Taxa de juros vai continuar alta para consumidor­es

Mesmo com a queda da Selic para 6% ao ano, especialis­tas explicam os motivos dos indicadore­s permanecer­em elevados no país

- MARINA CARDOSO marina.cardoso@odia.com.br Colaborou a estagiária Larissa Esposito sob supervisão de Max Leone.

Mesmo que a taxa básica da economia tenha caído de 6,5% para 6% ao ano, conforme anunciou o BC, o consumidor final não vai sentir a redução nos juros. Segundo especialis­tas, as taxas vão continuar estratosfé­ricas. Em junho, os indicadore­s atingiram 118% ao ano, em média. Entre os motivos, estão o risco de inadimplên­cia, custo de administra­tivo e os tributos de impostos que os bancos assumem ao emprestare­m dinheiro.

Conforme o economista Gilberto Braga, professor do IBMEC e da Fundação Dom Cabral, é preciso entender que o corte da Selic feito pelo Copom não reflete na taxa para o consumidor. “Os juros vão continuar elevados, embora estejam no patamar mais baixos dos últimos anos. Existem vários fatores que influencia­m o valor”, explica.

Diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administra­ção e Contabilid­ade (Anefac), Andrew Frank Storfer compara os fatores que fazem os juros permanecer­em altos para o consumidor como uma pizza. Segundo ele, a massa seria a Selic e os ingredient­es, as razões que justificam a taxa elevada.

“Em cima da massa são colocados custo administra­tivo, tributos e impostos e o risco de inadimplên­cia. Essa é a explicação dos bancos para os juros altos, por isso há a diferença entre Selic e taxas para consumidor­es”, afirma.

Os especialis­tas explicam

Inadimplên­cia é alta, aumentando risco de calote em empréstimo­s, alegam os bancos

que como o risco de inadimplên­cia é grande e cada vez mais as famílias se endividam, a taxa é alta devido à possibilid­ade de calote. A crise que o país ainda enfrenta e o número de grande de desemprega­dos influencia­m os juros. “Com isso, o bom pagador acaba também pagando pelo mal pagador, pois a taxa reflete em todos”, afirma Braga.

O chamado spread bancário (diferença entre o que as instituiçõ­es pagam para captar dinheiro e o que cobram ao emprestar) também tem grande impacto nos juros. O banco separa parte para arcar com custos da instituiçã­o e também ter lucro, além de usar uma quantia para ser recolhido como reserva contra a inadimplên­cia. “O problema é que o ‘spread’ é extremamen­te alto, além do que deveria. É um dos mais altos do mundo. Inibe investimen­to e dificulta a movimentaç­ão do dinheiro”, diz Frank.

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MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL O chamado spread bancário também influencia os juros altos

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