O Dia

Bolsonaro reconhece falha sobre demarcação de terras indígenas

Ele assinou MP para transferir atribuição para Ministério da Agricultur­a

- > Brasília, Distrito Federal

O presidente Jair Bolsonaro reconheceu, ontem de manhã, ter errado ao assinar e encaminhar ao Congresso, pela segunda vez, a medida provisória (MP) para transferir a demarcação de terras indígenas da Fundação Nacional do Índio (Funai) para o Ministério da Agricultur­a. Em conversa com jornalista­s na portaria do Palácio da Alvorada, ele também comentou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de manter suspensa o trecho sobre as demarcaçõe­s.

“Teve uma falha nossa. A gente não poderia, no mesmo ano, fazer uma MP de um assunto. A falha é minha, né? É minha porque eu assinei”.

Em sessão do STF, o ministro Luís Roberto Barroso, relator do caso, voltou a dizer que a Constituiç­ão impede a reedição, na mesma sessão, de medida provisória que tenha sido rejeitada ou perdido a eficácia por decurso de prazo. Em janeiro, uma primeira MP que mudava a estrutura ministeria­l transferia para a pasta da Agricultur­a a responsabi­lidade da demarcação de terras indígenas. Mas a proposta foi alterada no Congresso, que devolveu a função para a Funai.

Para o ministro Celso de

O comportame­nto do presidente traduz uma clara e inaceitáve­l transgress­ão à autoridade da Constituiç­ão CELSO DE MELLO, ministro do STF

Mello, a reedição da MP revelou uma transgress­ão à Constituiç­ão. “O comportame­nto do atual presidente, revelado na atual edição de MP rejeitada pelo Congresso no curso da mesma sessão legislativ­a, traduz uma clara e inaceitáve­l transgress­ão à autoridade suprema da Constituiç­ão Federal e uma inadmissív­el e perigosa transgress­ão ao princípio fundamenta­l da separação de poderes”, afirmou.

DIRETOR EXONERADO

Ricardo Galvão foi exonerado ontem do cargo de diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A decisão foi anunciada após uma reunião pela manhã com Marcos Pontes, ministro da Ciência e Tecnologia. Galvão se envolveu em uma polêmica com Bolsonaro por causa dos dados que mostram alta no desmatamen­to da Amazônia. “Diante da maneira que eu me manifestei com relação ao presidente, criou um constrangi­mento que é insustentá­vel”.

O ápice da crise ocorreu em 19 de julho, quando o presidente chamou de mentirosos os dados do Inpe que indicavam o aumento da destruição da Amazônia sob sua gestão, em um café da manhã com jornalista­s convidados. Na ocasião, disse, ainda, que o instituto parecia agir “a serviço de uma ONG”. Na quinta-feira, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, anunciou a abertura de um processo de concorrênc­ia pública para contratar um serviço de medição da destruição da Amazônia.

 ?? ANTONIO CRUZ/ AGÊNCIA BRASIL ?? Presidente disse ter errado ao assinar medida provisória. Assunto repercutiu no Supremo Tribunal Federal
ANTONIO CRUZ/ AGÊNCIA BRASIL Presidente disse ter errado ao assinar medida provisória. Assunto repercutiu no Supremo Tribunal Federal

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil