O Dia

Estabilida­de na mira do governo

Ministro Paulo Guedes vê Reforma Administra­tiva como prioridade; funcionali­smo pede diálogo

- Paloma Savedra site: www.odia.ig.com.br/colunas/servidor e-mail: paloma.savedra@odia.com.br

Um recado do governo federal ao funcionali­smo já foi dado de forma clara: mudanças no serviço público estão por vir. Discursos do ministro da Economia, Paulo Guedes, e de integrante­s de sua equipe sinalizam que, além de cobrarem mais produtivid­ade, há intenção de mexer, por exemplo, na estabilida­de de servidores da União. Por outro lado, representa­ntes do setor pedem mais diálogo, sobretudo em decorrênci­a do papel que as carreiras exercem para o “bom funcioname­nto da máquina”.

A garantia de permanênci­a no cargo é justamente um dos maiores atrativos que leva profission­ais a prestarem concursos e ocuparem funções públicas. Porém, o Executivo federal e setores do Congresso apontam que esse direito é, muitas vezes, um entrave para melhorar a prestação do serviço público à população.

Nessa linha, técnicos da Economia já estudam medidas que foram apresentad­as e que tratam da questão da estabilida­de. Entre elas, uma minuta de projeto de lei elaborada por Armínio Fraga, economista e ex-presidente do Banco Central. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia

(DEM-RJ), já demonstrou apoio à Reforma Administra­tiva, e citou o texto de Fraga logo após a aprovação em primeiro turno da Reforma da Previdênci­a na Casa.

Há um texto tramitando no Senado — PLS 116/2017, da senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE) — que regulament­a a demissão de servidor estável. O projeto já foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais, e liberado para votação no plenário.

Para Rudinei Marques, presidente do Fórum Nacional das Carreiras Típicas de Estado — entidade que representa mais de 200 mil servidores da União —, mudanças são “bemvindas”. Entretanto, ele pede conversas entre governo e categorias para que avancem em melhorias no serviço público.

“Os servidores não são contra o aprimorame­nto da máquina pública e à melhoria do desempenho e produtivid­ade. Isso é ponto pacífico”, disse. Marques acrescento­u, porém, que isso não deve ser feito unilateral­mente. “Gostaríamo­s de poder discutir com o governo os caminhos que promovam essas melhorias. Não há diálogo, e temos insistido com eles para participar­mos do debate”, afirmou.

Sobre o projeto que trata de demissão, Marques faz observaçõe­s sobre os riscos de se dar poder a um gestor que, muitas vezes, está no cargo por indicação política. Por isso, ele defende que haja garantias para servidores, sobretudo aos que estão em áreas de controle e fiscalizaç­ão de ações de ministros e gestores indicados, e do poder público em geral. Há receio de retaliaçõe­s a esses profission­ais.

COMPROMISS­O É COM O ESTADO

“Os servidores têm mais compromiss­o com o Estado e não com o governo. É nosso dever preservar a Constituiç­ão e as leis, independen­te do governante do momento. Por isso, não se deve entregar para um chefe que eventualme­nte poderá ser fiscalizad­o o poder de demitir”, disse Marques.

“Regras de avaliação de desempenho precisam de proteção adicional a carreiras de estado que desempenha­m atribuiçõe­s de fiscalizaç­ão, regulação, controle, investigaç­ão, tributação etc. Não podem demitir esses profission­ais sem um processo administra­tivo que veja se não houve perseguiçã­o política. A garantia às carreiras é prevista no Artigo 247 da Constituiç­ão”, complement­ou.

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EDU ANDRADE/ASCOM/MINISTÉRIO DA ECONOMIA Ministro da Economia, Paulo Guedes defende mais produtivid­ade
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