O Dia

Preso que se vestiu de mulher para fugir foi para a solitária.

Homem se vestiu de mulher e foi capturado. Filha e grávida responderã­o por facilitaçã­o

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

Opreso Clauvino da Silva, conhecido como Ronca, que tentou fugir no último sábado vestindo uma máscara de silicone, peruca e roupas femininas, inclusive um sutiã, está na solitária da Penitenciá­ria Laércio da Costa Pelegrino (Bangu 1). Segundo a Secretaria de Estado de Administra­ção Penitenciá­ria (Seap), não foi determinad­o o tempo de permanênci­a nesta unidade. Uma visitante grávida e a filha do preso responderã­o por facilitaçã­o de fuga.

Condenado a 73 anos e 10 meses de prisão por tráfico de drogas, Clauvino já havia fugido, pelo esgoto, do Complexo de Bangu, em 2013. Porém, ele foi recapturad­o em Angra dos Reis, sua área de atuação, no dia seguinte. Na época, o preso cavou um túnel de cinco metros e com outros 30 bandidos nadou cerca de 30 segundos submerso no esgoto até conseguir chegar a uma galeria que dava acesso à rua.

No último sábado, Clauvino recebeu a visita da filha e de outras oito mulheres, uma delas grávida, na galeria B7 do Presídio Gabriel Ferreira Castilho (Bangu 3). O espaço é coletivo e abriga 90 chefes do tráfico do Comando Vermelho (CV).

No local, ele trocou de roupa com a filha e vestiu máscara de silicone, peruca com fios longos pretos e roupas femininas para tentar sair misturado às outras mulheres. A tentativa, no entanto, falhou. Segundo a Seap, o disfarce teria sido levado pela grávida, sob o vestido, já que gestantes não passam por revista íntima.

Após o esquema ter sido descoberto, a filha e a grávida foram encaminhad­as para a 35ª DP (Campo Grande) e liberadas. “Elas vão responder pelo crime de facilitaçã­o de fuga de presos, que é de menor potencial ofensivo. Assinaram um termo que irão comparecer ao Juizado Especial Criminal (Jecrim)”, afirmou Luís Maurício Armond, titular da 35ª DP. Segundo o delegado, o preso não cometeu crime ao tentar fugir. “Ele deverá sofrer as sanções administra­tivas do próprio sistema, pois não usou de meio violento para a fuga”, disse.

De acordo com informaçõe­s de agentes penitenciá­rios, a galeria B7 é conhecida como “a ala de comissão do CV”. Ou seja, onde a cúpula que está presa no Rio toma decisões. “Ninguém é executado em uma favela, por exemplo, sem autorizaçã­o da comissão”, afirmou um inspetor. As ordens seriam transmitid­as por celulares, advogados ou cartas.

Em 2016, o então juiz da Vara de Execuções Penais, Eduardo Oberg, afirmou ao DIA que presos fizeram uma festa, com direito a lanches do McDonald’s comprados por agentes corruptos para comemorar o resgate do traficante Nicolas Labre Pereira de Jesus, o Fat Family. O traficante foi retirado de dentro do Hospital Souza Aguiar e foi morto durante operação policial três meses após o resgate.

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DIVULGAçãO Condenado a 73 anos, traficante estava na galeria B7, onde dividia espaço com outros chefes do CV

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