O Dia

DEDO NA CARA

CRIMINOSO DO RIO É COVARDE E ATIRA NA VÍTIMA QUANDO NÃO CONSEGUE O QUE QUER.

-

Carmem Glória Guinâncio Guimarães Teixeira, a Carminha Jerominho, de 41 anos, está de volta à política. Será candidata à vereadora pelo Rio, como a Coluna revelou no último dia 13. O anúncio ocorre pouco mais de 11 anos depois de a CPI das Milícias da Alerj pedir o seu indiciamen­to e de mais 225 pessoas, incluindo políticos, policiais,

bombeiros e agentes penitenciá­rios. Ela é filha de Jerônimo Guimarães Filho, o Jerominho, e sobrinha do ex-deputado estadual Natalino José Guimarães, que vão inaugurar um centro social em Campo Grande. Ambos foram condenados por comandarem a maior milícia da Zona Oeste. Os irmãos ficaram presos por mais de uma década e, agora, estão soltos.

O DIA: Por que decidiu voltar à política como précandida­ta a vereadora? CARMINHA JEROMINHO:

Tenho ideais. Nunca desisti da política. Só fiquei afastada um tempo para provar toda a injustiça. Tudo que fizeram contra o meu pai. Tudo que Sergio Cabral fez contra ele. Era uma coisa que eu já tinha dentro do meu coração porque, na verdade, fui injustiçad­a. Não consegui ter um mandato inteiro porque me cassaram. Lutei na Justiça. Só fiquei dez meses no mandato. Então, é uma forma de rever uma injustiça. E, com o meu pai e meu tio, tenho certeza que a gente é muito mais forte.

Por que acha injustiça?

É só olhar o processo que me afastou da Câmara, aleguição gando que eu estava sendo investigad­a. Quem devolveu o meu mandato foi a Cármen Lúcia (ex-ministra do Tribunal Superior Eleitoral). Foi uma arbitrarie­dade. Não mostrei a minha capacidade, porque o trabalho do meu pai e do meu tio as pessoas já conhecem bem.

Seu retorno teve influência do Jerominho e do Natalino?

era tão grande que estavam usando a política para dizer que eles influencia­vam. Parei e falei: “Não dá! Deixa meu pai e meu tio saírem (da prisão) que eles vão me ajudar e eu vou ficar bem mais tranquila de não fazerem nenhuma covardia”.

Sua candidatur­a será pelo Avante?

A gente ainda vai definir. Estou no Patriota.

Quem você e sua família vão apoiar para prefeito na próxima eleição?

Não definimos. Veremos mais para frente como estará o quadro político.

Como está vendo o momento atual do Rio politicame­nte?

O Rio está um caos. Mas não posso dar uma opinião o (prefeito Marcelo) Crivella (PRB). Se eu estivesse na Câmara, soubesse sobre os orçamentos, até poderia formar uma opinião. Acredito que ele tenha pegado o município realmente com uma dívida grande.

Quanto custou a construção do novo centro social da sua família?

Não está pronto. O custo será irrisório. Por exemplo: o ferro será doado por um rapaz que tem serralheri­a. É a própria população que ajudará. O custo será bem pequeno mesmo.

Pequeno quanto?

Não faço ideia. Não mexo com obra. Depois de aberto, o custo operaciona­l será formado por pessoas voluntária­s. O serviço social está sendo movimentan­do por meu pai e meu tio. Todos virão trabalhar gratuitame­nte, inclusive os médicos, ginecologi­stas, pediatras. Um amigo ou outro pagará uma conta de luz. Não estou envolvida diretament­e por causa da campanha política.

Não teme que sejam acusados de comprar votos por causa do centro social?

Não. O trabalho social do meu pai é desde 1992. Ele e o meu tio não serão candidatos. A candidata sou eu.

Mas eles vão coordenar sua campanha.

Não. Sempre ajudei a coordenar as campanhas deles. A minha quem faz sou eu.

Você ficou presa 43 dias. Como foi esse episódio?

De muita humilhação. Tinha acabado de me formar. Trabalhei a vida toda.

Como era a rotina?

Chorei na cela, isolada, por 25 dias seguidos. Não tinha ninguém da família que pudesse estar lá. Existe uma demora, quando você chega no presídio federal, vai para o Regime Disciplina­r Diferencia­do e não pode receber visitas durante dias. Não podia pegar sol porque não tinha espaço. Fiquei completame­nte isolada, sem falar com ninguém, sem ler livros.

No que pensava?

Nos 25 dias que chorei, me concentrav­a e tinha certeza de que havia pessoas que acreditava­m na gente porque existia uma injustiça e elas estariam lá lutando por mim. Tive consciênci­a porque vi como amavam o meu pai e o meu tio na rua durante a campanha deles.

Em 2008, você foi eleita mesmo presa.

Fui eleita com 23 mil votos presa (na verdade, foram 22.049). Me prenderam, mas as pessoas continuara­m fazendo a campanha. Com 30 dias para terminar, viram que não recuávamos. Logo depois, prenderam o meu tio. A uma semana das eleições, cassaram o meu registro e divulgaram nos jornais que eu não era candidata. Mesmo assim, fui eleita.

“Nunca desisti da política. Só fiquei afastada para provar a injustiça e o que fizeram contra meu pai”

“Fui eleita com 23 mil votos presa. Me prenderam, mas as pessoas continuara­m a campanha”

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil