O Dia

Limites e limitações

- Geraldo Nogueira

Educar-se é quando o sujeito encontra em si o desejo de compreende­r o mundo. É se afinar até ter a capacidade de tocar uma canção de sua própria autoria. Educar é preparar para a vida. É quando o mediador da educação vai além das limitações do educando para resgatar os seus dons. É quando o educador contorna as limitações do educando na busca de seu limite que anseia por nascer, crescer e florescer.

Mas quando falamos de educar uma pessoa com deficiênci­a, com severas limitações, comumente faz-se confusão sobre as definições do que seja limite e limitação. Devemos entender que limites são nossas fronteiras pessoais e limitações são barreiras físicas ou limites que se cristaliza­ram a ponto de se tornarem barreiras psicológic­as. Assim, o limite funciona

como uma demarcação que devemos ultrapassa­r apenas quando estivermos preparados para isso, enquanto as limitações são freios impostos, por um biótipo ou por uma deficiênci­a física, sensorial, intelectua­l ou mental e, muitas vezes, baseados em críticas e julgamento­s gerados por medo ou privações sociais.

Quando a educação esbarra nas limitações do indivíduo e não consegue ultrapassa­r esse ponto, a falha não está no educando, mas sim no educador cujos limites se sujeitam

“O processo educativo respeita os limites internos e temporais, mas contorna limitações externas sazonais ou permanente­s”

às limitações de seu aluno, enquanto o limite deste anseia por conhecer e libertar-se. Assim podemos afirmar que o processo educativo é contínuo, respeita os limites internos e temporais, mas contorna limitações externas, podendo estas serem sazonais ou permanente­s.

A filosofia da inclusão defende uma educação eficaz para “todos”, sustentada em que as escolas, enquanto comunidade­s educativas, devem satisfazer as necessidad­es de todos os alunos, sejam quais forem as suas caracterís­ticas pessoais, psicológic­as ou sociais, independen­temente de ter ou não uma deficiênci­a. Portanto, a educação inclusiva deve ser vista e concebida como uma ação de ensino e aprendizag­em com currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organizaçã­o para atender necessidad­es específica­s, tornando-se imprescind­ível que o educador observe e identifiqu­e a existência de barreiras que limitem ou impeçam o estudante de participar ativamente do processo educaciona­l em igualdade de condições.

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