Família diz que jovem preso é inocente
Mãe e patrão afirmam que Weslley Rodrigues apenas se escondia de tiroteio ao ser capturado no Alemão
Afamília e o empregador do estudante Weslley Rodrigues, de 21 anos, denunciam que ele foi preso injustamente na terça-feira da semana passada, dia 30, na região da Grota, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio. O estudante estava na loja em que um amigo trabalha para se refugiar de um tiroteio, quando foi preso. Weslley está no presídio Ary Franco, em Água Santa, Zona Norte do Rio.
Segundo o amigo do estudante, que testemunhou a ação, mas preferiu não se identificar, os policiais entraram no local e atribuíram ao rapaz a posse de um radiotransmissor, que supostamente pertenceria a traficantes. Segundo ele, os agentes ordenaram que Weslley falasse pelo rádio, mas o rapaz teria se negado. Um dos agentes, então, teria dado um tapa no rosto de Weslley, que acabou preso em flagrante, e ainda teve a prisão convertida pela Justiça em preventiva.
O amigo de Weslley também conta que estava sozinho com ele na loja. “Houve o tiroteio e os policiais estavam à procura de criminosos. O Weslley estava indo
para a escola e eu falei pra ele esperar. Os policiais entraram na loja e começaram a fazer perguntas. Enquanto verificavam se ele (Wesley) tinha antecedentes, veio outro policial e disse que tinha achado um radiotransmissor no lixo, acusando o Weslley de ser o dono”.
TRABALHO E ESTUDO
O patrão de Weslley, Manoel da Silva, 38, conta que o rapaz trabalha para ele como assistente, atendendo clientes em um trailer de manutenção de aparelhos telefônicos. “Eu estava na oficina, que fica perto do trailer, quando começou o tiroteio. Ele (Weslley) tinha acabado de passar por lá. Quando saiu, escutei tiros e fiquei refugiado ali. Weslley entrou na loja de um colega”, lembra Manoel da Silva.
De acordo com empregador, Weslley trabalha para ele de segunda a sábado, de 9h30 a 18h. Já a mãe do rapaz, Alexandrina Rodrigues, de 42 anos, diz que o filho está matriculado no terceiro ano do Ensino Médio do Colégio Estadual CAIC Theophilo de Souza Pinto, em Bonsucesso. A Secretaria Estadual de Educação confirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, a matrícula de Weslley na unidade de ensino. “Muitas vezes eu trabalho até 23h na oficina, e ele chega da escola para ficar com a gente”, diz Manoel.
Procurada sobre a denúncia, a assessoria da Secretaria de Estado de Polícia Militar informou apenas que, “na noite de terça-feira (30/7), equipes da Unidade Polícia Pacificadora (UPP) Alemão realizavam policiamento pela Rua Joaquim de Queiroz, quando criminosos atiraram contra os policiais. Houve confronto e os marginais fugiram. Em ação contínua de varredura, os policiais encontraram um suspeito com um rádio comunicador. O mesmo foi conduzido à 21ª DP (Bonsucesso) para apreciação da autoridade policial”. A Polícia Civil informou que, de acordo com a 21ª DP (Bonsucesso), “ele foi autuado em flagrante por colaboração como informante”.