Executivo do Grupo Petrópolis se entrega à PF
A cervejaria está sob suspeita de lavar R$ 329 milhões para a Odebrecht, aponta investigação conduzida pela Operação Lava Jato
Walter Faria, dono do Grupo Petrópolis, se entregou ontem à tarde à Polícia Federal para cumprir prisão preventiva na Operação Lava Jato em Curitiba (PR). A cervejaria está sob suspeita de lavar R$ 329 milhões para a Odebrecht. Faria, considerado foragido há cinco dias, é um dos alvos da 62ª fase da Operação Lava Jato, batizada de Rock City.
Walter Faria teve um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça Federal. Segundo as investigações da Lava Jato, o Grupo Petrópolis teria auxiliado a Odebrecht a pagar propina por meio da troca de reais no Brasil por dólares em contas no exterior.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), as irregularidades são investigadas desde 2016, quando uma planilha com nomes de políticos e referência à cerveja Itaipava, uma das marcas do Grupo, foi achada na casa do executivo da construtora Odebrecht Benedicto Junior.
As investigações apontam que Faria usou o programa de repatriação de recursos de 2017 para trazer dinheiro ao Brasil, de forma ilegal. A PF suspeita que os “valores seriam provenientes da prática de ‘caixa dois’ na empresa”.
O advogado Paulo Campoi informou que o empresário se apresentou às autoridades “no intuito de esclarecer os fatos, reiterando os diversos depoimentos anteriormente dados às autoridades competentes”. Ao se entregar, o executivo prestou depoimento.
BENS BLOQUEADOS
O dono do Grupo Petrópolis afirmou, ainda, que já foi preso na operação Cevada, em 2005. Mas não foi denunciado no inquérito. Disse, ainda, que responde “a processo na Justiça Federal de Santos/SP e na justiça estadual do Rio de Janeiro (no RJ, sobre direito do consumidor)”. Apontado como operador de propina do esquema Odebrecht instalado na Petrobras, Walter Faria também está com os bens bloqueados no valor de até R$ 1,3 bilhão, montante que ele próprio admitiu manter no exterior.
A PF investiga uma rede de propinas da Odebrecht por meio de doações eleitorais do Grupo Petrópolis. Walter Faria, controlador do grupo, usou ainda conta na Suíça para intermediar o repasse de mais de US$ 3 milhões de propina, aponta a PF.