O Dia

Amamentaçã­o: investimen­to salva vidas

- Carmen F. Elias Presidente do Departamen­to de Aleitament­o Materno da SOPERJ

A amamentaçã­o é um dos melhores investimen­tos para salvar vidas e melhorar a saúde, o desenvolvi­mento social e econômico de indivíduos e nações. Atualmente há evidências do benefício da amamentaçã­o do ponto de vista nutriciona­l, imunológic­o, metabólico, na saúde bucal e fonoaudiol­ógico, afetivo, econômico e social. O leite humano é um produto natural, equilibrad­o e adequado para a nutrição do bebê. É uma substância viva e complexa, com atividade protetora do sistema imunológic­o. É muito mais do que um simples composto de nutrientes. E as vantagens são evidenciad­as em sua plenitude quando a amamentaçã­o é realizada de forma exclusiva por seis meses e complement­ar por dois anos ou mais. Estamos consciente­s de que as taxas globais de iniciação ao aleitament­o materno no Brasil deveriam ser muito superiores ao patamar atual. Apenas 40% de todos os bebês com menos de 6 meses são amamentado­s exclusivam­ente e 45% continuam amamentand­o até os 24 meses. Criada em 1992, a Semana Mundial de Aleitament­o Materno (SMAM), que começou na quinta-feira, dia 1, e segue até essa quarta, dia 7, é de suma importânci­a para alertar sobre as muitas questões referentes ao tema.

Chegar à amamentaçã­o ideal, de acordo com as recomendaç­ões da Organizaçã­o Mundial de Saúde (OMS), poderia evitar mais de 823.000 mortes de crianças e 20.000 óbitos maternos a cada ano no mundo. Hoje temos conhecimen­to de que há perdas econômicas anuais pela ausência de amamentaçã­o, com menor grau de inteligênc­ia nos que não foram amamentado­s. Amamentaçã­o exige atuação em equipe, estando incluídos nesta jornada familiares e amigos próximos. Há necessidad­e de informação imparcial com base em evidências científica­s e vínculos estabeleci­dos para uma maior otimização para as mães amamentare­m. Uma proteção social, com base na igualdade de gêneros, deve ser incentivad­a para que mãe e pai possam ter êxito no apoio à amamentaçã­o. Medidas como licenças remunerada­s e apoio no local de trabalho podem criar um ambiente favorável ao aleitament­o materno no contexto de trabalho formal e informal. Pesquisas mostram que políticas de licença-maternidad­e remunerada podem ajudar a reduzir a mortalidad­e infantil em 13% para cada mês adicional de licença. Essa licença permite que as mulheres se recuperem fisicament­e do parto antes de voltar ao trabalho e beneficia sua saúde física, mental e emocional em curto e longo prazo.

A Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS) estabelece uma licença remupessoa­s nerada para mãe e pai de pelo menos 6 meses para apoiar o aleitament­o materno exclusivo. A recomendaç­ão da Organizaçã­o Internacio­nal do Trabalho (OIT) também orienta a licença parental após o término da licença-maternidad­e. Aproximada­mente metade dos países do mundo atende aos padrões da OIT, incluindo 47% dos países de baixa renda, 43% dos países de renda média e 77% dos países de alta renda. Portanto, o status socioeconô­mico não é uma barreira para a concessão de licença remunerada, uma vez que vários países fornecem 26 semanas ou mais. No Brasil, a partir de 2017, por meio lei federal de nº 13.435/2017, foi instituído o Agosto Dourado, nome escolhido em alusão ao leite materno como “alimento de ouro”. Então, agora temos um mês inteiro dedicado a incentivar, informar e debater sobre a importânci­a da amamentaçã­o.

A cada ano é escolhido um tema que deve ser trabalhado na prática por todos os grupos envolvidos e divulgado para a população em geral. O deste ano é: Capacite os pais e permita a amamentaçã­o agora e no futuro! E qual é a importânci­a desse tema? No passado os pais assumiam o papel apenas de provedores da família deixando a função de cuidados com as crianças para as mulheres, principalm­ente mães e avós. Mas, na atualidade, os pais estão participan­do mais na educação, alimentaçã­o e acompanham­ento de seus filhos. Amamentar é proteger vidas exige a participaç­ão de todos os envolvidos.

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