Delegado: ‘Importante fonte de renda para a milícia’
A exploração do transporte complementar e clandestino é uma importante fonte de renda para os grupos paramilitares que atuam na região do Itanhangá e de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, apontam especialistas consultados pela reportagem.
“O transporte clandestino dali sempre impulsionou o crescimento da milícia. Porque é esse grupo criminoso que explora o transporte alternativo”, destacou o delegado Claudio Ferraz, ex-titular Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO-IE) e excoordenador da Coordenadoria Especial de Transporte Complementar. O órgão foi criado pela Prefeitura para fiscalizar o transporte complementar depois de licitar, em 2016, as linhas de vans. Segundo Ferraz, desde que o sistema de transporte complementar foi licitado, as vans foram proibidas na região da favela do Rio das Pedras. Mas, com o passar dos anos, a falta de fiscalização fez o número de vans clandestinas aumentar.
Gabriel Ferrando, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas (Draco), admite a atuação criminosa no transporte ilegal. “Faz parte das nossas investigações. Mas não posso dar maiores detalhes”.
Para o promotor Luiz Antônio Ayres, que atua no combate à milícia de Campo Grande e Santa Cruz, a atuação da Prefeitura é fundamental no combate ao crime.
“O transporte alternativo foi a primeira grande atividade explorada pelos milicianos. E só é importante fonte de renda da milícia porque o poder público não atua como deveria. A Prefeitura precisa fiscalizar. Este é seu papel”, critica.
O sociólogo Ignácio Cano, do Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV/ Uerj), concorda. Para ele, a regulamentação do transporte alternativo por meio das licitações é importante. Mas é necessária uma maior atuação do governo. “O poder público não consegue recuperar o controle do transporte alternativo no Rio de Janeiro. Essa história de motorista de van ter que pagar aos milicianos para circular tem que acabar”, criticou.