BLINDADA CONTRA O CALOTE
Estações serão em aço, sem vidros e com portas resistentes para evitar depredação e evasão. Passageiros da Baixada e das zonas Norte e Oeste terão que fazer baldeação
As 19 estações do Transbrasil terão estrutura de aço, sem vidros e com portas reforçadas para evitar depredação e evasão. Acessos serão feitos por passarelas e haverá terminais para integração. Obras só estarão prontas em agosto do ano que vem.
Ovandalismo e os calotes no BRT fizeram a prefeitura projetar para o Transbrasil estações bem diferentes das existentes nos corredores já implantados. No lugar dos vidros, estarão resistentes chapas de aço. As portas automáticas, facilmente forçadas por passageiros que não pagam a passagem, darão lugar a portas mais fortes, como as do metrô, para impedir a entrada irregular. Serão 19 estações ligando Deodoro ao Terminal Américo Fontenelle, na Central, que devem receber 500 mil pessoas por dia a partir do segundo semestre de 2020.
“O prefeito Marcelo Crivella, preocupado com a evasão e a depredação, solicitou uma proposta de estação mais robusta. Desenvolvemos uma estação ‘antievasão’ e mais resistente, toda em aço e sem vidro, o que vai impedir, e muito, a depredação. A porta dela é igual à do metrô, com sensor, que o cidadão não abre de jeito nenhum. É uma estação que vai minimizar muito não só a evasão como a depredação”, explica o secretário municipal de Infraestrutura e Habitação, Sebastião Bruno.
Com cerca de 85% das obras prontas, a previsão de conclusão das pistas do Transbrasil entre Deodoro e Centro, assim como a instalação das estações e das passarelas que darão acesso às paradas, é até dezembro deste ano. A partir de então, as pistas funcionarão como faixas seletivas para o transporte público. No entanto, dois importantes terminais de integração, que serão localizados nos trevos das Missões (no entroncamento com a Rodovia Washington Luiz) e das Margaridas (próximo à Via Dutra), serão construídos entre janeiro e agosto de 2020. Só após essa fase, o
percurso, de 23 quilômetros, passará a ser utilizado pelos ônibus articulados do BRT.
MAIS BALDEAÇÕES
Quando o Transbrasil estiver funcionando, os passageiros provenientes da Baixada Fluminense e das zonas Norte e Oeste, que fazem viagens diretas até o Centro, terão que fazer baldeação para o BRT nos terminais Deodoro, Missões ou Margaridas. Outra opção de conexão será o trem em Deodoro, onde também haverá integração com a Transolímpica para o Recreio. “O conceito do Transbrasil é tirar todos os ônibus que vêm para o Centro para que não tenha esse trânsito caótico de hoje”, afirma Sebastião Bruno.
De acordo com o secretário, os passageiros da Zona Oeste descerão no terminal Deodoro, onde poderão pegar o trem ou o BRT para o Centro. Quem vem da Baixada pela BR-040 (Washington Luiz) fará a integração com o Transbrasil no terminal Missões. Aqueles que seguem de outros municípios ou bairros para o Centro, pela Via Dutra, irão até o terminal Margaridas. O sentido inverso seguirá a mesma lógica: o BRT sairá da Central até esses terminais, de onde os usuários pegarão outro ônibus para suas cidades ou bairros de destino.
A Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) informou
Pistas e estações devem ficar prontas até dezembro, mas dois terminais ficarão para 2020
que está discutindo com o Estado como serão as integrações, mas, segundo a SMTR, já foi estabelecido que elas não vão onerar os passageiros. A SMTR estuda o plano operacional para saber quais linhas serão modificadas. Em princípio, somente as linhas que fazem trajetos curtos na Avenida Brasil não devem ser alteradas.
Apesar das baldeações, a expectativa é de redução do tempo das viagens. No planejamento de 2015, estimouse redução média de 1h25 nas viagens de até 150 mil pessoas por hora, no horário de pico. O planejamento será atualizado.
Passageiros que fazem viagens diretas da Baixada até o Centro aprovam as mudanças se o tempo de percurso diminuir e se não tiverem que pagar a mais. “Se melhorar o trânsito na Brasil, não me sinto incomodada com a baldeação, porque o ônibus hoje demora muito. Só não pode ficar mais caro”, comentou a auxiliar de serviços gerais Alcione dos Santos Oliveira, 40, moradora de São João de Meriti.
O BRT sairá da pista central da Avenida Brasil por um viaduto que está sendo construído na altura do Caju. Dali, passará pela Avenida Rio de Janeiro até a Rodoviária Novo Rio e seguirá em paralelo à Avenida Rodrigues Alves até o Terminal Américo Fontenelle, contornando a Cidade do Samba. O Terminal Fundão, onde o Transbrasil fará conexão com o corredor Transcarioca, está sendo duplicado.