Audiência com ministro do Meio Ambiente termina em bate-boca
Após ser comparado a ‘office boy’, Salles deixou a Câmara escoltado por seguranças
Após um intenso bate-boca com parlamentares da oposição, Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, precisou deixar a audiência pública na Comissão de Integração Regional e Desenvolvimento Regional da Amazônia, na Câmara, escoltado por seguranças, ontem à tarde. A visita ao Congresso ocorre depois da polêmica demissão de Ricardo Galvão da diretoria do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Galvão foi exonerado após rebater críticas do presidente Jair Bolsonaro sobre a divulgação dos dados sobre a Amazônia. Segundo o órgão, o desmatamento teve crescimento de 278% em julho deste ano, em comparação ao mesmo mês de 2018.
Durante a audiência, Salles foi criticado por substituir Galvão pelo militar Darcton Policarpo Damião e pela suposta proximidade com madeireiros e ruralistas, interessados na exploração da floresta e dos territórios indígenas na região. O ministro mostrou irritação após o deputado Nilto Tatto (PT-SP) comparar a atuação dele com a dos bandeirantes, que caçavam índios e exploravam as riquezas naturais no país no período colonial.
Tatto disse, ainda, que Salles era “o melhor ministro da Agricultura no ministério do Meio Ambiente” e o comparou a um “office boy” dos interesses do agronegócio. “O senhor é o office boy desse modelo de desenvolvimento que quer destruir os recursos naturais e comprometer a vida no futuro. Vai lá cooptar, matar”, disse o deputado.
Ricardo Salles reagiu usando o assassinato do ex-prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, para rebater a crítica. “Não sou office boy coisa nenhuma. Quem deve saber muito bem de matar gente em razão de coisas é o pessoal que está envolvido no assunto do Celso Daniel. Não admito que o senhor me trate desse jeito”, afirmou. O presidente da comissão, Átila Lins (PP-AM), então decidiu encerrar a audiência. O ministro deixou a Câmara escoltado por seguranças.