Eike Batista é preso novamente pela Lava Jato
Justiça também bloqueou R$ 1,6 bilhão do empresário por manipulação de mercado
Oempresário Eike Batista foi preso, ontem de manhã, em mais uma fase da Lava Jato. A Operação Segredo de Midas cumpriu mandado de prisão expedido pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, a partir de pedido do Ministério Público Federal (MPF), com base em investigação que apurou crimes de manipulação de mercado e utilização de informação privilegiada. Além da prisão, a Justiça determinou o bloqueio de bens dele e dos filhos Thor e Olin no valor de R$ 1,6 bilhão.
Além de Eike Batista, que já estava preso domiciliarmente desde 2017, também foi expedido mandado de prisão preventiva para o contador do empresário, Luiz Arthur Andrade Correia, o Zartha. Ele está no exterior e não foi preso. No total, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão na casa do empresário e nos endereços dos filhos Olin e Thor, além de José Gustavo Costa, ex-diretor -presidente da CCX.
As investigações começaram a partir das operações Eficiência e Hashtag, que revelaram que as mesmas contas utilizadas para o pagamento de propina ao ex-governador Sérgio Cabral também foram usadas
para manipular ações de empresas envolvidas em negociações com Eike Batista. O esquema contava com a participação da empresa The Adviser Investiments (TAI), com sede no Panamá e criada por Eduardo Plass, um dos proprietários do TAG Bank. O banqueiro fez delação premiada e irá pagar R$ 300 milhões em multa, além de devolver US$ 9,2 milhões de Eike que estão sob sua custódia no exterior.
Durante as investigações, a força tarefa da Lava Jato apurou que Eike e Luiz Arthur usaram a TAI para atuar de forma ilícita, nos mercados de capitais nacional e internacional, para manipular ou usar informação privilegiada de ativos que estariam impedidos ou não queriam que o mercado soubesse que operavam. Segundo o MPF, “o TAG Bank, banco oficial dos mesmos sócios da TAI, também funcionava como uma engrenagem no esquema de manipulação. Além disso, tanto a TAI quanto Eike tinham uma conta no Credit Suisse de Bahamas usada para os ilícitos”, informou.
Ainda conforme o MPF, entre 2010 e 2013 foram manipulados os mercados de ações e ‘bonds’ (títulos de dívidas emitidos por companhias ou por governos no exterior) de diversas empresas. Entre elas, a Ventana Gold Corp, utilizada como falso pretexto para encobrir o repasse ilícito de recursos a Sérgio Cabral, a Galway Resources Ltd e as MMX, MPX e OGX. Em outros casos, foram usadas informações privilegiadas, como em negociações relativas ao Burger King e à CCX. O esquema movimentou mais de R$ 800 milhões, segundo a investigação.