O Dia

Governo quer isentar do Imposto de Renda trabalhado­res que ganham até R$ 5 mil

Reforma Tributária que será apresentad­a prevê o fim de dedução de gastos com saúde e educação

- MARTHA IMENES martha.imenes@odia.com.br

No dia que o ministro da Economia Paulo Guedes anunciou a finalizaçã­o da Reforma Tributária, que será entregue na próxima semana à Câmara, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que vai defender junto à equipe econômica que contribuin­tes que ganhem até R$ 5 mil, que daria cerca de cinco salários mínimos, fiquem isentos de pagar o Imposto de Renda (IR). Hoje, o limite de isenção do IR é de R$ 1.903,98.

“Falei durante a campanha, falei isso aí, sim, tinha conversado com o Paulo Guedes. Vou continuar batendo nessa tecla, porque eu acho que quem ganha até cinco salários mínimos, em grande parte, tem o imposto retornado para ele. Então se a gente puder facilitar a vida deles, né? Seria muito bom, no meu entender”, afirmou Bolsonaro.

Sobre a proposta da equipe econômica de corrigir a faixa de isenção do Imposto de Renda pela inflação oficial, o IPCA, o presidente disse que é uma possibilid­ade mesmo que não mude nada. “Isso eu já falei com eles, mesmo que não mude nada, pelo menos corrigir de acordo com a inflação. Porque não passou a ser Imposto de Renda, passou a ser redutor de renda. Nós queremos mostrar que dá para fazer diferente”, afirmou.

O reajuste da tabela do IR, que não tem alteração desde 2015, viria acompanhad­o de uma reestrutur­ação completa do imposto. A equipe econômica trabalha em um plano para diminuir a alíquota de 27,5% (para a faixa de renda acima de R$ 4.664,68) para 25% e, ao mesmo tempo, reduzir a possibilid­ade de deduções com saúde e educação, que custam R$ 20 bilhões por ano, segundo dados da Receita Federal.

Pelas contas de um técnico da equipe econômica, se a faixa de isenção passasse para R$ 5 mil em vez dos atuais R$ 1.903,98, haveria uma perda de receita de R$ 50 bilhões a R$ 60 bilhões.

Se a faixa de isenção passar para R$ 5 mil haveria perda de receita de até R$ 60 bilhões

Na contramão do que disse o presidente, o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, deixou claro, no entanto, que não há possibilid­ade de uma reforma que preveja queda de arrecadaçã­o. Ou seja, não haverá revisão na carga tributária.

Dados do Sindifisco Nacional, de janeiro deste ano, apontam uma defasagem de 95,4% se fosse aplicada a inflação oficial retroativa entre os anos de 1996 e 2018. Com isso, a faixa de isenção hoje deveria ser de R$ 3.689,93.

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WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL Marcos Cintra deixou claro que não há possibilid­ade de uma reforma que preveja queda de arrecadaçã­o

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