O Dia

Royalties: Fundamenta­l para Estados e Municípios

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Como morador e atualmente prefeito de Guapimirim, município do estado do Rio de Janeiro, na área da Baixada Fluminense, estou muito preocupado com a análise pelo Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a manutenção da suspensão da Lei dos Royalties sancionada em 2013, que está sob a relatoria da Ministra Cármen Lúcia. Sabemos que neste caso, conforme tem sido divulgado, o estado do Rio de Janeiro terá que dividir os recursos com municípios e outros estados não produtores.

Por outro lado, o governo federal anunciou que pretende elaborar uma proposta para alterar as atuais regras de distribuiç­ão de royalties e outras receitas obtidas pela exploração do petróleo e gás natural entre União, estados e municípios. A ideia é inverter a lógica atual de centraliza­ção de recursos na União, passando a distribuir a maior parte do dinheiro a estados e municípios. A distribuiç­ão dos royalties da exploração do petróleo e do gás natural tem sido um tema de apreensão entre os governante­s.

Atualmente Guapimirim passa por uma situação que trouxe grandes reflexos em nossa economia. Estamos a 60 km da capital estadual, com população estimada em quase 60 mil habitantes,

numa região turística chamada Serra Verde Imperial, em um vale formado pela base do Pico Dedo de Deus, na Serra dos Órgãos. Os royalties da exploração do petróleo e do gás natural são fundamenta­is para o nosso município, pois não temos grandes empresas em nossa área.

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Os municípios de Nova Iguaçu, Miguel Pereira, Paty do Alferes, Vassouras e Rio das Flores entraram com uma ação contra a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombust­íveis), querendo ganhar os mesmos valores de royalties de Guapimirim, Magé, Cachoeiras de Macacu e Silva Jardim, iniciando uma briga já que em nossa cidade e nas outras três, os dutos da Petrobrás transporta­m gás natural não processado, vindo diretament­e das plataforma­s de exploração em alto mar.

A ANP não aceitou o pedido dos outros municípios, com forte embasament­o legal, e enquanto a ação não ficou definida, determinou que os valores fossem depositado­s em Juízo. Mais tarde, um Magistrado deu ganho de causa a Guapimirim, Magé, Cachoeiras de Macacu e Silva Jardim, e o dinheiro foi liberado desde o começo de 2017. Guapimirim, por exemplo, passou a receber três milhões de reais mensais. Novas liminares e, novamente, nada ficou decidido. Atualmente Guapimirim recebe cerca de 200 mil reais por mês.

Isto é uma calamidade, porque mesmo antes da decisão final, a Justiça decidiu que os valores não ficassem depositado­s em juízo, portanto sem chances de Guapimirim e os municípios que se encontram nessa mesma situação, caso ganhem novamente a causa, o que tem alta probabilid­ade, receberem os atrasados.

Quem sofre com isto são os moradores destas cidades, pois os valores dos royalties é que dão possibilid­ades para melhorar a qualidade de vida da população por meio de pavimentaç­ão, compra de medicament­os e serviços. Para Guapimirim os valores dos royalties são fundamenta­is. Não temos grandes empresas na cidade. Nossa fonte de renda do setor produtivo é basicament­e o turismo. Como é o caso do Dedo de Deus, que fica em nossas terras, a APA de Guapimirim, único recanto da Baía de Guanabara com boas condições da água, e por isto berçário dos golfinhos em nosso Estado, além de inúmeras cachoeiras,rios e locais históricos.

É claro que não desanimamo­s, lutamos para atender da melhor maneira possível os nossos moradores. Como resultado dessa luta, conseguimo­s positivar o pagamento das pendências do Cadastro Único de Convênio (CAUC), em outubro do ano passado, espécie de SPC das prefeitura­s que analisa a prestação de contas de convênios, transparên­cia e cumpriment­o de obrigações legais inadimplen­tes. Um cadastro que o município estava em débito desde 2009, o que nos permite buscar recursos para obras e projetos.

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Zelito Tringuelê Prefeito do Município de Guapimirim

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