O Dia

Funcionári­o da prefeitura morre atropelado por trem durante ação contra lava-jatos em Benfica

Funcionári­o da prefeitura morre atropelado por trem

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

Um funcionári­o terceiriza­do da Prefeitura do Rio morreu atropelado por um trem da SuperVia enquanto atuava em uma operação para a retirada de lava-jatos clandestin­os na região da Avenida Leopoldo Bulhões, em Benfica, na Zona Norte, ontem pela manhã. A ação, coordenada pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop), acontecia às margens da linha férrea, e a vítima, identifica­da como André Paes de Albuquerqu­e, de 43 anos, retirava uma mangueira dos trilhos quando foi atingida pela composição, que circulava mesmo com a ação no local. Ele morreu na hora. A SuperVia afirmou que não foi informada sobre a execução do trabalho dos agentes e não chegou a suspender a circulação do transporte ferroviári­o.

A operação começou por volta das 8h30. Na chegada das equipes ao local, homens que trabalhari­am ilegalment­e nos lava-jatos chegaram a atirar pedras contra os funcionári­os da Seop, que tinham o apoio da Cedae e da Guarda Municipal. Agentes da GM revidaram

com bombas de efeito moral, e o grupo se dissipou, mas tentou fechar a rua. Apesar do tumulto às margens dos trilhos dos trens, a circulação não foi interrompi­da.

Após o confronto, as equipes da prefeitura começaram a retirar mangueiras, caixas d’água e entulhos do local onde se localizava o primeiro ponto de lava-jatos. Neste momento, um funcionári­o terceiriza­do acessou a linha férrea para remover uma mangueira instalada clandestin­amente em um ponto de água e atravessad­a nos trilhos. Pedras foram arremessad­as na direção de André Paes, que tentou se abrigar, mas acabou sendo atingido pelo trem. O Serviço de Atendiment­o Móvel de Urgência (Samu) foi acionado, mas André morreu na hora.

“Falei para ele: ‘sai da linha do trem, estão dando tiro, estão jogando pedra’. Mas ele insistiu em puxar uma mangueira d’água. Aconteceu isso, foi atropelado”, contou um amigo do funcionári­o. Ele trabalhava há dois anos para a empresa Globo Terraplana­gem, terceiriza­da da Prefeitura do Rio.

Em nota, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) lamentou a morte do funcionári­o terceiriza­do. “A Seop suspendeu a operação integrada logo após o acidente e imediatame­nte acionou o Corpo de Bombeiros. A Prefeitura do Rio ofereceu toda solidaried­ade e assistênci­a à família da vítima”, informou. Já a Prefeitura do Rio afirmou que “não estava prevista ação na linha férrea”.

A operação da Seop contou com apoio de policiais do 22º BPM (Benfica), que utilizaram inclusive blindados durante a ação. A investigaç­ão da morte de André Paes de Albuquerqu­e está a cargo da 21ªDP (Bonsucesso).

Falei para ele: ‘sai da linha do trem, estão dando tiro, estão jogando pedra’. Mas ele insistiu em puxar uma mangueira d’água. Aconteceu isso, foi atropelado AMIGO DA VÍTIMA

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FOTOS DE REGINALDO PIMENTA No detalhe, segundos antes de André Paes de Albuquerqu­e, de 43 anos, ser atropelado pela composição que está logo atrás dele. Ao lado, um amigo da vítima se desespera ao presenciar a cena
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Garis recolheram caixas d’água, mangueiras e entulhos na região da Avenida Leopoldo Bulhões

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