‘O ônibus que estou foi sequestrado’, disse um dos reféns pelo WhatsApp
Passageiros enviaram mensagens durante o sequestro e contaram que Willian estava calmo
Os passageiros que foram vítimas do sequestro ao ônibus da Viação Galo Branco, na manhã de ontem, conseguiram trocar mensagens com amigos e familiares durante os momentos de perigo. Em uma das mensagens, uma delas avisou do crime. “O ônibus que eu estou foi sequestrado. Estamos na Ponte”, a vítima avisou. “Estamos de reféns, esperando a polícia”, continuou.
Durante outra conversa, a vítima foi alertada de que o sequestrador estava com gasolina e faca: “Cuidado, meu amigo. Evite digitar”, o amigo pediu. “Deus está contigo”.
Aparentando bastante tranquilidade, o motorista bilíngue de uma empresa de petróleo, Carlos Renato Pereira da Silva, 48, contou os momentos de desespero que os passageiros do ônibus viveram na Ponte RioNiterói. Segundo Carlos, o sequestrador “ria como quem ri de nervoso, mas não foi agressivo com os passageiros”. Carlos, que é casado com Daniele Caria e tem duas filhas, Amanda, 24, e Sofia, 8, estava no fundo do ônibus e conseguiu mandar mensagens para o grupo da empresa e para a família pedindo tranquilidade.
“Eu tinha a sensação de que algo de ruim aconteceria com ele e não com a gente. Agradeço a Deus e ao trabalho da polícia
O sequestrador fazia piadas e perguntava se os passageiros queriam correr no corredor do ônibus
que foi perfeito, independentemente de governador e prefeito”, diz. Por fim, a melhor sensação: “Beijar e abraçar a minha mulher depois de tudo foi o melhor”, contou.
O professor de geografia Hans Moreno também conseguiu manter contato com quem estava do lado de fora do ônibus. Ele se comunicou com policiais por mensagens e cartazes na janela, e disse que o sequestrador estava calmo e falou que queria entrar para História. “Ele anunciou que o ônibus estava sendo sequestrado, mas falou que não queria agredir ninguém, que não queria os nossos pertences”, disse o professor.
“Quando ele anunciou o sequestro, teve gente chorando e passando mal, após ele passar spray nas janelas. Eu só rezava, pra ele mudar de ideia e não seguir com o que ele queria fazer, que parecia ser botar fogo”, disse o contador Lafaiete Resende.
O administrador Luã Tavares confirmou que Willian disse não querer machucar ninguém. “Ele já foi na intenção de se matar, mas não tinha coragem, queria que alguém matasse ele. Ele jogou gasolina no ônibus todo e ficava com o isqueiro, ameaçando. Fez uma refém prender todo mundo com lacre. Foram cinco horas de terror”, desabafou a vítima. Apesar da tensão, Luã diz que “Willian ficava andando com um jet (lata de tinta), bebendo energético e fazendo piada com os passageiros. Ele falava: ‘Tá com a perna dormente? Quer correr aqui no corredor?’ ”.