O Dia

Estado busca aumentar receitas e evitar estourar índices de gastos previstos em lei

Rio em rota de colisão com a LRF

-

Tempos de mais austeridad­e para o funcionali­smo estadual estão por vir. Um ajuste que o governo do Rio terá que fazer em suas contas, a partir de 2021, acendeu o alerta da equipe econômica do governador Wilson Witzel, e de deputados da Alerj. Sob determinaç­ão do Tribunal de Contas do Estado (TCE), o Executivo terá que reformular o cálculo de despesas com pessoal, e a nova fórmula representa um claro risco de o estado ultrapassa­r o limite de gastos com a folha salarial, imposto pela Lei de Responsabi­lidade Fiscal (LRF).

Para combater esse cenário já de antemão, técnicos do estado analisam medidas para cortar mais despesas onde for possível por agora, como já sinalizou ontem o secretário de fazenda, Luiz Cláudio Carvalho, em audiência na Alerj. Serão enviados projetos de lei ao Legislativ­o estadual que visam ao aumento de receita, mas a principal proposta para ‘salvar’ as finanças tramitará em Brasília.

Trata-se da mudança da Lei Complement­ar 159 de 2017 (que criou o Regime de Recuperaçã­o Fiscal dos Estados),

para que o Rio possa postergar para 2023 a retomada do pagamento das parcelas da dívida estratosfé­rica (de R$ 118 bilhões) que tem com a União.

Quando o estado descumpre os índices de gastos da LRF, há uma série de sanções. A Constituiç­ão Federal prevê a redução em pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão e funções de confiança e exoneraçõe­s de servidores em estágio probatório. E, em último caso, uma medida extrema: a possibilid­ade de demissão de funcionári­o estável.

Vale lembrar que, como o Rio está sob a vigência da recuperaçã­o fiscal até 2023, também ficará isento dessas punições previstas na Lei de Responsabi­lidade Fiscal e na Constituiç­ão. Mas depois desse período terá que ficar enquadrado à LRF.

Para chegar aos índices da lei, calcula-se despesa total sobre a receita corrente líquida (RCL). No estado como um todo (incluindo Poderes e órgãos), o limite de gastos com salários não pode exceder 60% dessa receita. E no Poder Executivo, o índice é de 49%.

E, atualmente, o Executivo fluminense está dentro da lei: o índice chegou a 37,36%, bem abaixo do teto.

MAQUIAGEM NA CONTA

Acontece que, por determinaç­ão do TCE, a partir de 2021, na soma total das despesas de pessoal, terão que ser contabiliz­ados os gastos com aposentado­s e pensionist­as bancados pela receita provenient­e de royalties.

Desde sempre, o estado exclui dessa fórmula despesas pagas com dinheiro de royalties e participaç­ões especiais. Com isso, consegue equilibrar o índice, evitando que ultrapasse o teto da LRF.

 ?? SUELLEN LESSA ?? Em audiência Pública na Alerj, Carvalho mostrou histórico de endividame­nto do Estado do Rio
SUELLEN LESSA Em audiência Pública na Alerj, Carvalho mostrou histórico de endividame­nto do Estado do Rio

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil