O Dia

De janeiro a julho, houve 1.075 mortes por intervençã­o policial no estado

ISP: Rio mantém recorde de mortes pela polícia

- MARIA LUISA DE MELO maria.melo@odia.com.br

Enquanto o número de homicídios dolosos baixou no estado, registrand­o 2.392 vítimas, o menor número no acumulado de janeiro a julho desde 1991, o número de mortes provocadas pela polícia continua crescendo. Saltou de 899 casos, nos sete primeiros meses do ano passado, para 1.075 no mesmo período deste ano, um cresciment­o de quase 20%. As informaçõe­s foram divulgadas, ontem, pelo Instituto de Segurança Pública (ISP).

Só no mês de julho, o número de mortos decorrente­s de intervençõ­es policiais chegou a 194, o maior número em um mês desde 1998. O recorde histórico de mortes deve aumentar ainda mais até o fim deste ano, segundo o secretário de Polícia Civil, Marcus Vinícius Braga.

“É um numero que a tendência é subir até dezembro, porque as ações estão sendo feitas”, disse Braga, em entrevista à TV Globo. “Tenho mais de 1.500 operações em favelas. É muito difícil trabalhar em favela, você tem uma reação muito forte, são muitos fuzis”, acrescento­u.

Para especialis­tas, não há o que comemorar. “Uma polícia que mata essa quantidade de gente não é polícia. A polícia é para prender ou para matar? Pelo visto, vivemos uma política de extermínio”, criticou o sociólogo Michel Misse, professor da Universida­de Federal do Rio de Janeiro.

Levando em consideraç­ão o número total de mortes no estado, de janeiro a julho deste ano, constata-se que a polícia foi responsáve­l por mais de 30% dos assassinat­os no estado. Na capital, a porcentage­m sobe para 40%.

QUEDA DE ROUBOS É MANTIDA

Os números de roubos de carga, de rua (roubo a transeunte, roubo em coletivo e roubo de aparelho celular) e de veículos voltaram a cair.

No acumulado do ano, a diminuição de roubos de veículo foi de 22% (o menor valor para o período desde 2017). Já nos roubos de rua, a redução no acumulado do ano foi de 3%. Os roubos de carga registrara­m a menor soma desde 2016 - representa­ndo um recuo de 19% na comparação.

A declaração do secretário de Polícia Civil sobre o aumento do número de mortos, despertou a reação de alguns parentes de vítimas recentes de violência.

Pai do estudante e jogador de futsal Gabriel Pereira Alves, de 18 anos, morto no último dia 9 de agosto, nas proximidad­es do Morro do Borel, durante uma ação policial, Fabrício Alves desejou que nenhuma família sofra o que a sua está passando. “Só nos resta pedir a Deus para proteger os inocentes. Isso é tudo que eu posso desejar”, afirmou.

Só do dia 9 ao dia 14 deste mês, seis jovens foram mortos a tiros. As vítimas foram atingidas por balas perdidas ou baleadas diretament­e, a maioria durante operações policiais.

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DANIEL CASTELO BRANCO Secretário de Polícia Civil, Marcus Braga diz que mortes vão aumentar

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