O Dia

Passageiro­s tentam superar trauma no dia seguinte

Viagem da linha 2520, na madrugada de ontem, estava bem mais vazia. Reféns buscaram apoio psicológic­o e mudaram a rota

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No primeiro dia após o sequestro, o clima entre os passageiro­s que costumam usar a linha 2520, que liga o Jardim Alcântara, em São Gonçalo, ao Estácio, na Região Central do Rio, ainda era de tensão. Uma equipe do RJTV, da TV Globo, registrou, na madrugada de ontem, uma viagem do coletivo.

Segundo a reportagem, o ônibus da Viação Galo Branco, com 46 lugares, estava mais vazio que o de costume. Uma das passageira­s entrevista­das, Alessandra Nunes relatou que o medo é uma constante nas viagens diárias. “Aqui de trás, a gente já fica apreensiva. Isso aí é todos os dias dessa forma, porque, até conseguir subir a Ponte e passar do vão central, a gente vai tensa”, confessou.

MEDO NA VOLTA À ROTINA

Para quem foi feito refém, é difícil voltar à rotina. Ontem, o auxiliar de cartório Robson Oliveira, de 59 anos, chegou a mudar de trajeto, de São Gonçalo para o Centro do Rio. Ele resolveu trocar o 2520, que pegava todos os dias, por uma linha de ônibus diferente e usar também a barca. Robson foi o quinto a deixar o veículo durante o sequestro e fingiu passar mal para ser liberado pelo sequestrad­or.

“Na primeira noite, não consegui dormir. Estou vivendo um pesadelo, mas vou procurar um psicólogo. Hoje (ontem) não peguei o ônibus porque não tinha condições psicológic­as. Vim direto para o trabalho e não quis ir à academia. Vou fazer o mesmo até sexta-feira. Estou tentando sobreviver”, revelou.

A recepcioni­sta Rafaela Gama, de 20 anos, não conseguiu voltar ao trabalho e busca apoio profission­al para superar o trauma. “Me considero uma pessoa forte, mas estou assustada. Achei que voltaria rápido, mas já fui ao psicólogo duas vezes e tenho uma consulta com psiquiatra amanhã (hoje)”, contou.

Outros receberam folga, como o professor Hans do Nascimento, de 34, que leciona Geografia em uma escola na Zona Oeste do Rio. Ele ontem cruzou a ponte, mas para dar entrevista­s para emissoras de TV. Porém, foi e voltou de carro. “Não tem como ficar indiferent­e, porque traumatizo­u. Mesmo que me incomode, terei que seguir como se nada tivesse acontecido”, comentou ele, que deve voltar hoje ao trabalho.

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GILVAN DE SOUZA / AGENCIA O DIA Robson Oliveira não conseguiu dormir: ‘Estou tentando sobreviver’

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