O Dia

Família de Flordelis só ligou para pedir socorro 13 minutos após tiros em pastor

Registros dos bombeiros são nova contradiçã­o

- BRUNA FANTTI bruna.fantti@odia.com.br

Mais uma contradiçã­o no depoimento da deputada Flordelis dos Santos foi descoberta durante as investigaç­ões sobre o assassinat­o do pastor Anderson do Carmo: o pedido de socorro ao Corpo de Bombeiros.

De acordo com Flordelis, na madrugada do dia 16 de junho, seus filhos realizaram “inúmeras ligações” aos bombeiros, logo após Anderson ser baleado. A informação foi dita em depoimento e à imprensa. No entanto, registros da corporação, aos quais O DIA teve acesso, mostram que somente uma ligação foi feita e ocorreu 13 minutos após o pastor ter sido baleado. Isso porque o crime ocorreu às 3h30 e a chamada para os bombeiros foi realizada às 3h43.

Além disso, às 3h35, antes mesmo de a ligação ter sido realizada, Flávio dos Santos saiu da residência com a justificat­iva de procurar a polícia. Flávio foi preso, logo após o enterro do pastor e confessou ter sido o autor dos disparos. Os investigad­ores também

estranhara­m o fato de que, na residência, havia dois carros e pelos menos cinco pessoas que sabiam dirigir. Mesmo assim, os moradores optaram por chamar os bombeiros.

Os investigad­ores ouviram o médico dos bombeiros responsáve­l pela ocorrência, identifica­do como Lucas Camargo. Em seu depoimento, ele disse que o parente que realizou a ligação se recusou a fazer o que ele orientava, como a RCP (Reanimação cardioresp­iratória).

Horários registrado­s no atendiment­o por telefone batem com os da câmera da casa

O neto do pastor, Ramon Oliveira, 20 anos, disse na delegacia que foi ele quem se recusou a realizar as orientaçõe­s médicas “por ter certeza de que seu avô já estava morto”. A informação de que o pastor havia parado de respirar ocorreu às 3h46, três minutos após a ligação ter sido realizada. ÀS 3h48, o médico, por telefone, orientou mais uma vez a RCP e houve recusa. Às 3h54, mesmo já tendo informado aos bombeiros de que a vítima estava morta, é que Flávio coloca o pastor no carro e, ao lado dos irmãos Daniel e Adriano, o levam para o hospital, em um carro próprio.

Segundo o advogado Ângelo Máximo, que defende a mãe do pastor, eles quiseram atrapalhar as investigaç­ões ao levar o corpo para o hospital. “Eles sabiam que ele já estava morto. Então, para que foram socorrer? Por que não esperaram os bombeiros, se já tinham feito as ligações? Acredito que foi para evitar uma perícia no local. Eles alteraram a cena do crime”, afirmou.

Já Flordelis disse que os filhos levaram o corpo do pastor para o hospital para o socorrer e afirmou que houve demora dos bombeiros. A corporação, por sua vez, negou essa demora e que a família dispensou o médico e a ambulância.

Ontem, a Polícia Civil admitiu que um erro da Delegacia de Homicídios de Niterói criou falsa contradiçã­o de Flordelis. A deputada não disse que estava dormindo na hora do crime. Esse trecho foi copiado por engano do depoimento de um dos filhos da parlamenta­r.

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LUCIANO BELFORD Flordelis diz que houve demora no atendiment­o do Corpo de Bombeiros. Abaixo, o registro do atendiment­o

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