Especialistas dizem que é mais difícil fraudar o Gás Veicular do que os combustíveis líquidos
Adulterações no GNV ainda são raras no estado
Quase todo mundo já conhece alguém que teve problemas com etanol ou gasolina adulterados na hora de abastecer o carro. Com efeitos colaterais graves, combustível irregular pode até danificar o motor. Mas, e no caso do Gás Natural Veicular? Segundo especialistas, não há registros de adulteração de GNV no estado desde o início da sua comercialização em larga escala, no começo dos anos 2000.
A principal “proteção” ao GNV se dá pela própria logística. Bianca Massaro, diretora comercial da Naturgy, conta que a dificuldade para alterar o combustível é tão grande que acaba inibindo a ação de infratores. “O processo para adulterar o GNV é muito complicado. Em primeiro lugar, ele vem direto pela tubulação da Naturgy para o posto abastecedor, sem intermediários. No posto, para a adulteração ser feita,
seria necessário acoplar outro tanque ao tanque que armazena o gás”, conta.
Os fraudadores, contudo, conseguem repetir uma prática que é comum no abastecimento de gasolina e etanol. A chamada “bomba baixa”, que altera a quantidade do combustível colocado do que aparece na bomba. É o número de postos de abastecimento de Gás Natural Veicular em todo o Estado do Rio de Janeiro
“O que podem existir são fraudes, como alteração no volume desejado. O cliente pede uma quantidade, a máquina diz que abasteceu aquela quantidade, mas, na verdade, recebeu menos de GNV e acabou favorecendo o posto. Essas fraudes, porém, também são raras”, garante a executiva da Naturgy.
Órgão responsável por fiscalizar postos de GNV, o IPEM, Instituto de Pesos e Medidas, informou por nota que quando recebe denúncias através dos canais de ouvidoria, atende prontamente as demandas. Primeiro, é feita uma inspeção visual, que verifica se as indicações nos mostradores estão claras, se existem os protetores do dispositivo indicador, se o sistema de iluminação está correto e se o bico de descarga, quando colocado em sua posição de descanso, bloqueia o abastecimento.
Segundo Hugo Lima, diretor técnico do instituto, após a primeira fiscalização visual, os responsáveis apuram fraudes que possam estar relacionadas ao volume de GNV vendido. “Realizamos o ensaio de determinação de erro, utilizando um padrão de medição do Inmetro. Uma vez aprovado, o instrumento recebe o selo do Inmetro. Se o instrumento for reprovado, dependendo do tipo da não conformidade, poderá ser interditado e, consequentemente, autuado”, explica.
De acordo com o IPEM, até agosto de 2019 foram verificadas 1.799 bombas de GNV em ações periódicas no Rio e 125 após denúncias. Apenas em uma foi encontrada irregularidade no volume vendido.
No ano passado, o total foi de 2.951 verificadas, sem irregularidades constatadas. Já dados da ANP também de 2018 informam que das 2.005 averiguações de bombas de gasolina e etanol no estado, foram 263 autos de infração, 42 de interdição e 32 de apreensão.