O Dia

Bienal do Livro, a luz no fim do túnel

- Catia Mourão Escritora e editora da Ler Editorial

Com distribuiç­ão deficiente, editoras apostam na Bienal para escoar seus estoques e recuperar parte dos prejuízos acumulados na persistent­e crise que vem abalando o mercado.

Desde o fim de 2018, com o anúncio da recuperaçã­o judicial das duas maiores redes livreiras do país, editoras de todos os portes passaram a enfrentar dificuldad­es para distribuir suas publicaçõe­s e fazer com que os livros cheguem às mãos dos leitores. De lá para cá, o mercado vem se reinventan­do e buscando alternativ­as para alcançar o público leitor, e nada melhor do que um grande evento para aquecer o setor.

A Bienal do Livro Rio, que acontece de hoje até o dia 8 de setembro, é um festival de conhecimen­to e conteúdos exclusivos, onde o livro é o grande protagonis­ta. Além do consumo ime

diato, a feira tem como objetivo estimular o hábito da leitura para, quem sabe, um dia, transforma­r o país.

O público esperado é de mais de 600 mil pessoas, que terão oportunida­de de conviver durante os 10 dias de evento com mais de 300 autores nacionais e estrangeir­os. É aquele momento tão aguardado pelos fãs e consumidor­es de literatura (sim, eles ainda existem no Brasil. Aquelas pessoas estranhas que vivem agarradas a livros), para assistir a palestras e pegar autógrafos. E para atender a demanda desse gigantesco público, os organizado­res da ‘festa’ garantem que esse ano haverá 5,5 milhões de exemplares (número equivalent­e à população da Finlândia) disponívei­s nos estandes das editoras que lotarão os pavilhões do Riocentro, no Rio de Janeiro. Não é à toa que a Bienal é um dos quatro maiores eventos da cidade, ao lado do Réveillon, do Carnaval e do Rock in Rio, dispondo de investimen­tos que ultrapassa­m R$ 44 milhões.

Em sua 19ª edição, a Bienal do Rio ainda inova com tradução simultânea em Libras durante as sessões, mosautorid­ades trando que também se preocupa com a acessibili­dade, e uma programaçã­o diversa para todos os públicos. O espaço infantil, por exemplo, receberá crianças com deficiênci­a visual para uma experiênci­a sensorial de estímulo à leitura, com visitas guiadas.

Além disso, outras ações de incentivo à tão sonhada formação de novos leitores foram implantada­s durante o período que antecedeu a feira, numa iniciativa social que promoveu visitas de autores a escolas públicas e doações de 1.000 livros nas plataforma­s do Metrô e no HemoRio, extrapolan­do o espaço que abriga o evento, que acontece a cada dois anos.

Os organizado­res prometem que a programaçã­o de 2019 será a mais diversa de todos os tempos, com conteúdos múltiplos para jovens e adultos, e debates sobre temas como democracia, feminismo, fake news, meio ambiente, história e diversidad­e, além da atenção especial aos educadores e crianças. Enfim, é esperar para ver os frutos que serão gerados por essas iniciativa­s. E eu, claro, estarei lá para conferir tudo de perto.

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