Crise na Amazônia: empresas multinacionais confirmam boicote ao couro produzido no Brasil
Com receio de dano ambiental, empresa de vestuário não irá mais comprar couro brasileiro
Opresidente Jair Bolsonaro assinou um decreto proibindo a prática de queimadas em todo o Brasil por 60 dias. A medida, publicada ontem no Diário Oficial da União, foi anunciada em meio a um número recorde de focos de incêndio na Amazônia. Segundo o Código Florestal, as queimadas são permitidas apenas em casos específicos e desde que autorizadas pelos órgãos competentes.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram registrados 83.329 focos de incêndios no Brasil de janeiro até a última terça-feira. Mais da metade (52,1%) ocorreram na selva amazônica. O Exército e o Corpo de Bombeiros iniciam, ontem, a Operação Verde Brasil - Combate a Incêndios Florestais e Crimes Ambientais, no Maranhão.
A situação, que repercute em todo o mundo, já motivou um corte no uso do couro brasileiro, confirmado pela empresa dona
de marcas populares entre a classe média do país, como Kipling, Timberland e Vans. A companhia informou que só volta a usar os produtos brasileiros até que haja a segurança de que os materiais usados em seus produtos não contribuam para o dano ambiental no país. Segundo a empresa, com sede nos Estados Unidos, a decisão foi tomada com base
Em live, Bolsonaro voltou a defender que não há anormalidade na Amazônia
em estudos aprimorados a partir de 2017 para garantir que os fornecedores estejam de acordo com seus requisitos. No entanto, não foi detalhado por que o material brasileiro não atende a essas regras e nem desde quando a medida está em vigor.
Na sua live semanal transmitida pelo Facebook, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender que não há anormalidade nas queimadas da Amazônia. E que, se depender dele, novas demarcações de terras não serão feitas. Presente na conversa, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, disse que demarcações já feitas devem ser revisadas, pois haveria “provas, denúncias” de que houve fraude em terras indígenas. “Queremos legalizar garimpo. Se o índio quer (garimpo), vamos atender interesse do índio”, afirmou Bolsonaro.
O presidente também voltou a atacar o presidente francês Emmanuel Macron. “Colocou em jogo a nossa soberania na Amazônia”. O presidente voltou a falar sobre os 20 milhões de euros oferecidos pelo G7, as maiores economias do mundo, para conter a crise ambiental na floresta. “O Brasil vale mais”. Bolsonaro disse que terá reunião em Letícia (Colômbia) com países amazônicos para pensar em plano sobre desenvolvimento da floresta e soberania dos países que compartilham a região.