O Dia

Sem verba, Carnaval pode ter desfiles mais curtos no ano que vem

Dirigentes de escolas reclamam que barracões estão parados, pois não há condição nem de pagar funcionári­os. Prefeitura não dará mais subvenção

- LUANA DANDARA luana.dandara@odia.com.br

Prefeitura confirma fim da subvenção às escolas de samba. Barracões estão parados: na União da Ilha, carros alegóricos ainda não foram totalmente desmontado­s. Ideia é fazer apresentaç­ões menores em 2020. Laíla defende apenas três alegorias por agremiação.

Batido o martelo do Carnaval 2020. O prefeito Marcelo Crivella anunciou ontem que as escolas de samba do Grupo Especial e da Série A não vão receber nenhum recurso da administra­ção municipal para o desfile do próximo ano. Em 2019, cada uma delas ganhou R$ 500 mil dos cofres públicos. A definição gerou reações negativas dos dirigentes das agremiaçõe­s. Segundo eles, a realização do maior espetáculo da Terra corre riscos.

“O Carnaval da Sapucaí não vai mais receber subvenção da prefeitura, que decidiu que não vai dar mais subvenção para nenhum evento que cobre ingresso”, garantiu Crivella. Apenas as agremiaçõe­s mirins e as que desfilam na Estrada Intendente Magalhães, nas séries B, C,D e E, continuarã­o com apoio financeiro.

Segundo o presidente da Portela, Luiz Carlos Magalhães, as agremiaçõe­s estão acumulando dívidas. “A Cidade do Samba, em pleno setembro, está fantasmagó­rica, algo que nunca aconteceu antes. Não adianta, precisamos aguardar o momento em que nossa festa seja valorizada novamente. Mas a decisão em si não foi surpresa, o prefeito não gosta do Carnaval. Pelo contrário, não quer saber, não tem diálogo”, ponderou.

O dirigente acrescento­u que nem mesmo toda a verba do último desfile foi repassada. “Ainda falta uma parcela de R$ 50 mil, que foi prometida após a prestação de contas das agremiaçõe­s. Já fizemos isso, mas nada do dinheiro chegar. A única coisa que espero do Crivella é esse repasse, que é um compromiss­o antigo”, criticou Magalhães. Procurada, a Riotur defendeu que o repasse foi efetuado para as escolas que apresentar­am a prestação de contas no prazo.

O presidente da Vila Isabel, Fernando Fernandes, entretanto, confirmou que esse dinheiro não chegou. “A parcela não foi paga. É até difícil de falar, mas a medida anunciada por ele é extremamen­te antipática ao povo. Nenhum prefeito tomou uma medida assim, é abominável. Crivella, Deus está vendo”, ironizou. “Precisamos comprar as coisas, pagar os trabalhado­res”, completou Fernandes.

O vice-presidente institucio­nal da Mocidade, Luiz Claudio Ribeiro, também criticou a falta de subvenção. “O prefeito iguala o maior espetáculo da Terra a uma atração secundária e mostra o desprezo com todas as agremiaçõe­s. Não é somente com impostos que o Rio se torna uma vitrine para o mundo”, reclamou.

Nenhum prefeito tomou uma medida assim, é abominável. Crivella, Deus está vendo. Precisamos pagar trabalhado­res FERNANDO FERNANDES, presidente da Vila

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Seis meses após o desfile, a escultura do abre-alas da Ilha continua parcialmen­te montada
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GILVAN DE SOUZA Há 33 anos no barracão da União da Ilha, Moisés Pereira, de 82, diz que nunca viu crise parecida e que a Cidade do Samba está um marasmo

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