Família acusa escola da Tijuca de barrar menino autista em passeio para parque
Criança de 3 anos foi impedida de participar de passeio marcado desde o ano passado
Um menino de 3 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), em maio deste ano, foi impedido pela creche em que estuda na Tijuca, Zona Norte do Rio, de participar de um passeio, marcado desde o ano passado, ao Museu do Meio Ambiente, no Jardim Botânico, na Zona Sul.
Miguel estava com todos os preparativos para passar algumas horas no parque, na quinta-feira, com o irmão gêmeo Lucas e os outros colegas de turma, mas a família foi surpreendida, na véspera, ao ser informada pela direção que o menino não poderia participar da atividade. “A justificativa foi a de que o quadro de funcionários não é suficiente para dar conta de todas a crianças inscritas e mais o Miguel”, contou a mãe, Laís Ângela Mello.
A postura da escola sensibilizou outras mães, que cobraram mais inclusão por parte da creche. Elas anotaram nas agendas dos filhos a mensagem “Inclusão me importa”.
“A gente ficou consternado, porque seria bom tanto para ele, quanto para as outras crianças, que devem aprender a conviver com as diferenças”, disse o pai, Fábio Farias.
A mãe contou que, na segunda-feira, chegou a enviar autorização para a participação
dos filhos no passeio, além de R$ 100,00. Mas na quarta, a direção da creche chamou os pais para dizer que Miguel não poderia ir. A mãe do menino ofereceu alternativas, mas não houve acordo. “A justificativa da escola foi a de que as outras crianças questionariam por que também não poderiam estar acompanhadas das mães, como Miguel”, lamentou o pai. Após o caso, os pais de Miguel e Lucas estudam denunciar formalmente a instituição.
A professora do curso de especialização sobre TEA, da PUC-Rio, Mariana Seize, destaca que os espaços educacionais precisam ser garantidos a todas as crianças. “Se tem uma criança com transtorno do espectro autista, um profissional deve ser disponibilizado para auxiliar na mediação”, diz.
A psicóloga ressalta que a participação em atividades pedagógicas e recreativas na primeira infância é fundamental para o desenvolvimento pedagógico e social de crianças com esse tipo de transtorno. “Até os três anos de idade, há um período de máxima neuroplasticidade. O aprendizado da criança é muito mais rápido. É importante, nesse momento, atuar nas áreas em que o autismo interfere, como interação e comunicação social, por exemplo. A escola pode ser um pilar importante nesse desenvolvimento social da criança”, completou Mariana.
A reportagem tentou entrar em contato com a direção da creche em que Miguel está matriculado, mas até o fechamento desta edição não obteve retorno.