BOM DIA, BOA TARDE, BOA NOITE!
Aos 91 anos, Cid Moreira comemora as cinco décadas do ‘Jornal Nacional’ ativo nas redes sociais e ganhando documentário sobre sua trajetória
Durante o preparo do primeiro dia do ‘Jornal Nacional’ (que estreou na tela da Rede Globo em 1º de setembro de 1969, e completa 50 anos amanhã), havia uma pessoa na emissora que não fazia a menor ideia de que aquela trabalheira toda nos estúdios era por causa da estreia de um grande jornal. E ela estava à frente das câmeras: era o próprio apresentador da atração, Cid Moreira —que por aqueles tempos dividia abancada com Hilton Gomes (1924-1999).
“Sério, eu nem sabia que aquilo estava sendo feito para o ‘JN’”, diz, rindo, o locutor, que também faz aniversário em setembro (fará inacreditáveis 92 anos no dia 29). “Eu já apresentava com Hilton o ‘Jornal da Globo’ e para mim era tudo normal, era mais um jornal. A diferença é que no dia 1º de setembro o jornal seria transmitido por links. Seria visto em São Paulo, Belo Horizonte, Paraná e, se não me engano, Rio Grande do Sul. Os links foram sendo instalados em outros estados e depois viria a transmissão por satélite, que realmente o transformou num ‘Jornal Nacional’”. Em forma após os 90, Cid tem planos: o apresentador pretende lançar poemas (“venho estudando bastante o assunto ”, conta ). Evem por aí um documentário sobre sua história: é ‘Boa Noite’, de Clarice Saliby, que sai em breve. “Sempre tenho alguma coisa em vista, sou viciado em trabalho”, diz. O ‘JN’ já passou dos 14 mil “boas noites” nessas cinco décadas — quem diz éa própria Rede Globo. Cid esteve na bancada do telejornal de 1969 a 1996. Se valer o número levantado pela emissora, algo em torno de 7 mil dessas despedidas saíram da voz grave de Cid.
“Eu sou o Guinness Book, 27 anosàf rente deu mm esmo jornal ”, brinca .“Imagina quantas notícias foram dadas, nãoé?Eocha toé quenotíci aboa geral menteénotíc ia trágica ”, completa, recordando-seda alegria que foi noticiara volta das eleições diretas para presidente do Brasil (em 1989) e da triste zaque foi acompanhar o desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio Comprido, Zona Norte do Rio (1972).
A imagem de Cid e de Sergio Chapelin, nos anos 1970, usando ternos e ostentando cabelos um pouco compridos, marcou época na telinha. Durante vários anos, Sergio foi o companheiro mais assíduo de Cid na bancada do ‘JN’.
“Ótima pessoa e ótimo profissional”, define Cid, que ao lado do ex-colega, recentemente, virou meme (uma pessoa acrescentou um “Pink Floyd” numa foto da dupla, como se a imagem fosse a capa de um disco da banda inglesa). “Mas também dividi a bancada com vários outros colegas excelentes, como Carlos Campbell, Celso Freitas, Lilian Witte Fibe, e até o William Bonner”, faz questão de citar.
No comecinho do ‘JN’, lembra Cid, colocar um jornal em rede no ar dava nervoso — a ponto de Armando Nogueira (1927-2010), então diretor de jornalismo da Globo, comparar a operação com a decolagem de um avião da Boeing. “Dependia da redação das matérias, que chegavam às vezes atrasadas. Dependia também da chegada do som e da imagem. Era complexo”, conta. Aconteciam erros? Sim, e um deles não sai da memória de Cid.
“Quando eu apresentava o jornal com Hilton Gomes, eram duas bancadas leves de compensado, com dois blocos de cimento de cada lado. Hoje, o ‘JN’ é essa nave espacial, mas naquela época, não era. Uma vez, estávamos os dois, e o João Saldanha estava no meio. Ele falava um minuto sobre futebol, aí entrava uma propaganda e ele se levantava. Só que numa vez, o bloco não estava seguro. Ele levantou e derrubou tudo. O meu script e o do Hilton se misturaram”, brinca. Cid jogou tênis até três anos atrás, e hoje cuida da saúde com pilates e alimentação vegetariana. “Minha fisioterapeuta diz que meu físico é de uma pessoa de 70 anos. Me sinto bem assim, mas claro que antes eu me sentia melhor”, brinca. “Tomo muito cuidado com a alimentação e principalmente com o mastigar, que é uma coisa que ninguém faz direito. Muita gente marca reunião de trabalho durante almoço e fala mais do que mastiga”, diz ele, que é casado há quase 20 anos com a jornalista Fátima Sampaio, e entrega que a esposa mastiga pouco ao comer. Cid hoje está no Instagram e no YouTube, e diz que as redes sociais o rejuvenesceram. O locutor costuma ser abordado por fãs para que grave expressões que imortalizou, como “jabulaaaani” (referência à bola usada na Copa de 2010, disputada na África do Sul) e “parabéns, Mister M” (o ilusionista americano popularizado pelo ‘Fantástico’ há 20 anos).
“Mas gosto mesmo é quando falam das gravações que fiz da Bíblia. Foi um trabalho que demorou seis anos para ser feito. Tenho um compromisso com o Todo-Poderoso de levar a palavra Dele até o último dia da minha vida”, conta o locutor.
Por sinal, o ex-apresentador do ‘JN’ entrou nas redes sociais por um motivo bem inusitado: Cid descobriu que havia vários homônimos por lá, passando-se por ele. “Eram mais de dez pessoas! Resolvi me registrar usando meu nome verdadeiro. Não foi fácil, e até receber o selinho azul (dado a celebridades) demorou bastante”, conta.
Imagina quantas notícias foram dadas durante meus 27 anos no ‘JN’? E o pior é que notícia boa é notícia trágica CID MOREIRA, apresentador
Tomo cuidado com a alimentação e também com o mastigar, que é uma coisa que ninguém faz direito CID MOREIRA, apresentador