O Dia

Queimados é a quinta cidade mais violenta do Brasil

Segundo Atlas da Violência, cidade tem taxa de 115,6 mortes por 100 mil habitantes, devido à falta de policiamen­to e políticas públicas

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Aviolência assusta Queimados. O município da Baixada Fluminense é o quinto com maior número de homicídios no Brasil, segundo dados do Atlas da Violência de 2019, com taxa de 115,6 mortes violentas a cada cem mil habitantes. O levantamen­to é produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O estudo analisou os casos de homicídios em 310 cidades brasileira­s. A falta de policiamen­to e a ausência de políticas públicas são apontados por moradores e especialis­tas como os fatores que desencadea­ram a atual situação.

De acordo com o relatório, o alto índice de violência no município está correlacio­nado, entre outros fatores, com a presença e a disputa por território entre milícia e tráfico de drogas na região. Segundo fontes da Polícia Civil, pelo menos cem pessoas teriam sido executadas na cidade por milicianos nos últimos dois anos. As vítimas tiveram seus corpos desapareci­dos para que os crimes não entrassem nas estatístic­as. As mortes são investigad­as pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHFB).

O delegado Moisés Santana,

DHBF, explica que esconder os corpos “é uma prática muito comum dos milicianos”. Ele lembra que, recentemen­te, foi localizado um cemitério clandestin­o no município. “Estamos mapeando outros, com diligência­s para serem realizadas”, informou Santana. Para o delegado, porém, deve-se levar em consideraç­ão que as informaçõe­s do Atlas estão baseadas no ano de 2017, que não retrataria­m a atual realidade.

“Na gestão atual, os números estão em queda, não só em Queimados, mas em toda a Baixada. Possivelme­nte, teremos o mês de junho com o menor número de homicídios desde a criação da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense”, adiantou Santana. O delegado informou também os números de homicídios na região. Em 2017 foram 142 casos; em 2018 houve 97 registros e, em 2019, até junho, 40 ocorrência­s. No ano passado, Queimados estava no topo da lista das mais violentas. A taxa de homicídios na cidade, no período, foi de 134,9 mortes violentas a cada cem mil habitantes.

A inseguranç­a na região afeta diretament­e a vida da população. Muitos moradores e comerciant­es evitam ficar até mais tarde na rua. Por medo, não fazem nem comentário­s sobre a violência. Alguns se arriscam a falar, mas pedem anonimato, como um morador do Centro, de 56 anos. “A cidade só tem quatro entradas e estamos liderando o ranking de homicídios no país”, lamentou.

Uma comerciant­e, de 43 anos, que também pediu para não ser identifica­da, bairros como Fanchem, Vila das Porteiras e Jardim Queimados, são os mais perigosos para os lojistas. O horário máximo de funcioname­nto é até 19h. “Sou comerciant­e há quatro anos. Colocamos aqui na loja dez câmeras para inibir bandidos, mas não adiantou”, reclamou.

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RICARDO CASSIANO Dona de comércio em Queimados revela que horário de funcioname­nto vai até 19h devido à violência

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