O Dia

As vozes contra a homofobia nos estádios No momento em que o STJD promete punição aos clubes, torcedores LGTBs comentam preconceit­o nas arquibanca­das

- Yuri.eiras@odia.com.br

Os estádios são bons retratos da sociedade. No Brasil, a alegria e a espontanei­dade do povo sempre deram tons coloridos ao futebol. Mas nesse desenho há uma face assustador­a que só recentemen­te veio à luz. Estamos no país que mais mata LGBTs no mundo, segundo dados do Grupo Gay da Bahia (2018), e em mais de cem anos de futebol brasileiro, não há registro de jogadores assumidame­nte homossexua­is nos principais times.

O primeiro passo foi dado: a CBF promete punir com até com perda de pontos os clubes cujas torcidas entoarem cânticos homofóbico­s. No domingo, o árbitro Anderson Daronco interrompe­u a partida entre Vasco e São Paulo após a torcida cruzmaltin­a gritar “time de v...”.

Palmeirens­e e uma das vozes contra a homofobia nas arquibanca­das, o jornalista William de Lucca já foi ameaçado por torcedores do próprio time. “Eu nunca me senti diretament­e ameaçado porque nunca fui identifica­do como gay dentro deles. Todo homem gay ou mulher lésbica sabe que o ambiente é hostil e que você não pode, por exemplo, demonstrar afeto para alguém do mesmo sexo. É preciso estar dentro do padrão esperado para aquele espaço”.

“Na única vez que eu me posicionei de dentro do estádio sobre cantos homofóbico­s, a repercussã­o fez com que eu acumulasse ameaças de violência e até de morte”.

NUMERAÇÃO DOS JOGADORES

A homofobia reflete até na numeração dos jogadores. Entre todos os clubes da Série A, apenas o Grêmio tem um jogador que veste a camisa 24, historicam­ente associado ao veado no jogo do bicho: Brenno é o terceiro goleiro do Tricolor Gaúcho. Em todos os clubes, a explicação é de que o número é uma escolha do jogador. Os campeonato­s sul -americanos, que têm numeração obrigatóri­a entre o 1 e o

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