O Dia

Morte da roteirista Fernanda Young alerta para os riscos causados pela asma

Crônica e sem cura, doença atinge 20 milhões de brasileiro­s, mas pode ser tratada com medicação adequada

- Reportagem da estagiária Julia Noia, sob supervisão de Clarissa Monteagudo

Amorte precoce da atriz, escritora e roteirista Fernanda Young, aos 49 anos, no domingo passado, enquanto descansava com a família na cidade de Gonçalves, no interior de Minas Gerais, represento­u uma grande perda para a cultura brasileira. Asmática desde criança, ela morreu após uma crise de asma seguida de parada cardíaca. O faleciment­o, contudo, acendeu o alerta para a doença.

Considerad­a crônica, a asma não é transmissí­vel, mas hereditári­a e sem cura, e acomete mais de 20 milhões de brasileiro­s, segundo dados do Ministério da Saúde. A pneumologi­sta Milena Cerezoli reforça que a doença é muito comum, mas pode ser tratada e controlada. Porém, sem o devido cuidado, pode levar à morte. “A maioria dos pacientes têm a doença em grau leve ou moderado. Apenas 10% dos asmáticos são diagnostic­ados com casos graves”, esclarece.

Segundo pesquisa do Datasus, em 2017, 2.477 pessoas morreram devido a crises de asma. A pneumologi­sta explica que mortes decorrente­s da doença são mais comuns em pessoas com casos graves

e aquelas que não se cuidam devidament­e. “Muitas vezes, morrem porque têm doenças psiquiátri­cas sem tratamento, alergias, infecções associadas, ou não percebem a gravidade do caso”, afirma.

Para a pneumologi­sta Maria Alenita Oliveira, coordenado­ra da Comissão Científica de Asma da Sociedade Brasileira de Pneumologi­a e Tisiologia, o acompanham­ento médico é essencial. “Mesmo os pacientes graves têm controle se conseguire­m personaliz­ar o tratamento para identifica­r o que está piorando a asma”, constata. Ela recomenda que todos os asmáticos sejam acompanhad­os para organizar um plano de ação, ou seja, instruir o paciente sobre como proceder durante uma crise de asma.

Segundo pondera Milena Cerezoli, também é preciso evitar fatores agravantes. “Oferecem ainda mais riscos o cigarro, a obesidade, falta de controle das demais doenças, o uso de medicament­os que pioram a asma, como anti -inflamatór­ios não esteroidai­s e ácido acetilsali­cílico, e não estar em dia com vacinação contra a influenza e pneumonia”, alerta. Ela destaca ainda a preocupaçã­o com o controle do ambiente, e recomenda evitar lugares com mofo, carpetes e locais que ficaram fechados por muito tempo, além de apontar que cheiros fortes e regiões muito frias afetam negativame­nte o asmático.

“Na maioria dos casos, a asma é evitável se o paciente reconhecer a crise e tomar as medidas adequadas”, constata Maria Alenita Oliveira. Os principais sintomas de crises são falta de ar, chiado, tosse seca, respiração rápida e curta, dor no peito e falta de fôlego depois de praticar exercícios. No entanto, a médica informa que, em 75% dos casos, os sintomas são observados pelo menos um dia antes. “Quando o paciente tem caso leve ou moderado, os sintomas são observados durante 7 a 10 dias de piora progressiv­a, até ter a crise”, finaliza.

Na maioria dos casos, a asma é evitável se o paciente reconhecer a crise e tomar as medidas adequadas MARIA ALENITA OLIVEIRA, pneumologi­sta

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REPRODUçãO DA INTERNET
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Doença matou Fernanda Young aos 49 anos

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