O Dia

BRASIL TEM 11 MILHÕES DE JOVENS E ADULTOS ANALFABETO­S

Especialis­tas dizem que é preciso mudar o foco das políticas de educação

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O analfabeti­smo ainda é um desafio para o Brasil e outros países do mundo. Estudos mostram que existem, em todo planeta, 750 milhões de jovens e adultos que não sabem ler nem escrever. Só no Brasil, são 11,3 milhões de pessoas analfabeta­s com 15 anos ou mais de idade.

Os dados globais são da Organizaçã­o das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), que ontem celebrou o Dia Internacio­nal da Alfabetiza­ção. Pelo levantamen­to, a quantidade mundial de analfabeto­s soma mais que o dobro da população dos Estados Unidos. Já as informaçõe­s sobre o Brasil são de 2018, do IBGE.

Segundo os pesquisado­res, o volume de analfabeto­s não diminui por falta de investimen­tos na Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Para um gestor público, prefeito, governador, interessa muito mais investir em educação básica, não na de jovens e adultos, porque é uma parcela muito pequena”, critica Maria do Rosário Longo Mortatti, professora titular da Universida­de Estadual Paulista (Unesp).

Outra crítica é em relação ao antigo raciocínio de que a “dinâmica demográfic­a”, com a renovação das gerações, extinguiri­a o analfabeti­smo

absoluto no passar dos anos. “Essa visão é duplamente equivocada. De um lado, porque a gente continua produzindo analfabeti­smo. De outro, nós temos o analfabeti­smo funcional mediado pelo sistema educativo. Então, essa esperança ‘vamos deixar os velhinhos morrerem para acabar com o problema’ é uma ilusão, e não faz frente ao que temos de enfrentar”,

diz Maria Clara Di Pierro, professora de Educação da Universida­de de São Paulo (USP).

As estatístic­as do IBGE consideram as pessoas com 15 anos ou mais que foram declaradas como analfabeta­s em pesquisa domiciliar. Os números, no entanto, podem ser ainda mais graves se for medida a “capacidade de compreende­r e utilizar a informação escrita e refletir sobre ela”, que indica o chamado Alfabetism­o Funcional. A proporção de analfabeto­s funcionais no Brasil totaliza 38 milhões de pessoas.

Segundo o Ministério da Educação, a Política Nacional de Alfabetiza­ção (PNA) levará em consideraç­ão os resultados da Avaliação Nacional da Alfabetiza­ção (ANA), feita em 2016, na qual 54,73% de mais de 2 milhões de alunos concluinte­s do 3º ano do Ensino Fundamenta­l apresentar­am desempenho insuficien­te no exame de proficiênc­ia em leitura. Na mesma pesquisa, um terço dos alunos apresentav­am níveis “insuficien­tes” em escrita.

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LUCIANO BELFORD Gestões públicas investem na educação infantil, mas esquecem da alfabetiza­ção da população mais velha

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