O Dia

Bienal vende mais de 4 milhões de livros no Rio

Edição deste ano teve público de 680 mil pessoas e muita polêmica, por conta da tentativa da prefeitura de recolher livro com beijo gay

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A Bienal Internacio­nal do Livro do Rio terminou, domingo, com mais de 4 milhões de exemplares vendidos, do total de 5,5 milhões que foram disponibil­izados. Nos dez dias de evento, passaram pelo Riocentro, na Zona Oeste da cidade, mais de 680 mil pessoas. Na edição anterior, em 2017, foram 3,6 milhões de livros vendidos e público de 600 mil pessoas.

Esta 19ª edição foi marcada pela polêmica criada pelo prefeito do Rio, Marcelo Crivella, que tentou censurar a HQ ‘Os Vingadores - A Cruzada das Crianças’, pelo fato de o livro possuir a imagem de dois super-heróis masculinos se beijando. O imbróglio foi parar até no Supremo Tribunal Federal, com o presidente da Casa, ministro Dias Toffoli, batendo o martelo contra a proibição. O livro acabou esgotado para venda, houve protestos durante o evento, com direito a beijaço público, distribuiç­ão gratuita de livros LGBT pelo youtuber Felipe Neto, além de muitos estandes aproveitan­do para ironizar a postura do prefeito, pendurando cartazes dizendo ‘Livros proibidos pelo Crivella’.

A prefeitura nega que tenha havido tentativa de censura ou homofobia e que paenas determinou que a revista fosse lacrada e colocada uma advertênci­a sobre conteúdo impróprio. Porém, o prefeito aparece em vídeo determinan­do o recolhimen­to da obra e a prefeitura notificou os organizado­res.

REAÇÕES

Na coletiva de encerramen­to do evento, o escritor Laurentino Gomes comemorou a decisão do STF. “Justiça, né? A gente está lutando pelo básico. Essa censura na Bienal deu um sopro de vida, de mobilizaçã­o, de solidaried­ade generosa. Foi um vento que serviu para abrir mais os livros, não tem como fechá-los”.

A escritora Thalita Rebouças se disse assustada com os acontecime­ntos. “A gente estava aqui quando chegaram armados e com viaturas para recolher livros e foi bem assustador”. Thalita leu um manifesto dos escritores contra a censura, que também foi divulgado nas redes sociais e pela própria Bienal do Livro: “Se engana quem pensa que o alvo era a Bienal Internacio­nal do Livro. O alvo somos todos nós cidadãos brasileiro­s, pois não precisamos ter quem determine o que podemos ler, pensar, escrever, falar ou como devemos nos relacionar”, diz trecho do manifesto.

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ESTEFAN RADOVICZ Bienal deste ano superou a edição de 2017 em total de vendas

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