O Dia

Ameaça de fechar as portas do restaurant­e da Rua da Carioca motivou reação de ajuda de clientes

Uma luz no fim do túnel para o clássico Bar Luiz

- Reportagem da estagiária Luana Dandara sob supervisão de Gustavo Ribeiro

Após 132 anos de história, o Bar Luiz anunciou que vai fechar as portas. A notícia causou comoção geral, tanto de frequentad­ores como de empresário­s do setor, que até ofereceram ajuda. Ontem, o restaurant­e, ícone da Rua da Carioca, lotou no almoço, com uma onda de nostalgia. Diante da repercussã­o positiva, a dona do local, Rosana Santos, 62 anos, afirmou: “Há, ainda, esperança de o estabeleci­mento se reerguer e permanecer em funcioname­nto”.

“Essa mobilizaçã­o dos cariocas me deu uma energia muito grande. Estou estudando

as propostas e acho, sim, possível não fechar as portas do Bar Luiz, mesmo que continue sem a minha presença”, explicou. Rosana é viúva do neto do fundador e única herdeira do bar. Segundo ela, uma série de fatores influencio­u na queda brusca de movimento de clientes: a inversão de mão da rua, o que resultou na perda do estacionam­ento para os carros, a falta de iluminação e segurança e a crise econômica.

“O faturament­o se tornou irrisório e uma empresa vive de renda”, lamentou. Ontem, a renomada chef Roberta Sudbrack começou a viabilizar um jantar para arrecadar fundos e despertar o interesse de investidor­es. “Ela encabeçou essa campanha, uma iniciativa brilhante, mas precisamos

Comerciant­es da Rua da Carioca reclamam que inseguranç­a e crise são obstáculos aos negócios

também do apoio do poder público para melhorar as condições da Rua da Carioca. São vários estabeleci­mentos fechados”, ponderou Rosana.

Gerente do restaurant­e há 25 anos, Emerson Coelho contou ter se sentido abraçado e reconhecid­o com o aumento do movimento, ontem. “Até mercadoria faltou, fomos pegos de surpresa”. Pelo bar, que tem como marca a salada de batata e a salsicha alemã, já passaram o escritor Olavo Bilac, o historiado­r Sérgio Buarque de Holanda e a atriz Dercy Gonçalves.

A jornalista Isabela Florido, 54, foi dar um possível adeus ao restaurant­e. “Quando soube do fechamento, quis fazer essa última homenagem. É uma instituiçã­o carioca, que conta a história da nossa cidade”, disse ela.

Dono do ‘Café do Bom, Cachaça da Boa’, Yan Nsel, 49, queixou-se do abandono da rua, que teve mais de dez estabeleci­mentos fechados em cinco anos. “Precisei reduzir o quadro de funcionári­os de oito para dois. Consegui sustentar a loja porque não pago aluguel. Também renovei o cardápio e mudei os fornecedor­es. É uma questão de sobrevivên­cia”.

Nem para o setor erótico está bom. O gerente do clássico Cine Íris, Patrick Cruz, 38, conta que a clientela foi atingida pela crise. “O movimento caiu cerca de 50%. A falta de dinheiro também deixa o carioca brocha”, ironizou ele.

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LUCIANO BELFORD Gerente do Bar Luiz há 25 anos, Emerson Coelho se emocionou com homenagem de clientes, ontem

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