O Dia

Segundo a polícia, Mirella ingeriu doses diárias de substância proibida por dois meses. Ela receberia R$ 800 mil

Madrasta envenena menina por herança

- > Cuiabá, Mato Grosso

Por dois meses, Mirella Poliane Chue de Oliveira, de 11 anos, foi obrigada a ingerir doses diárias de uma substância proibida, gota a gota, até morrer, no dia 14 de junho. Foram nove internaçõe­s nesse período, com sintomas como vômito, desmaios e falta de ar. A madrasta dela, Jaira Gonçalves de Arruda, de 42 anos, foi presa temporaria­mente ontem em Cuiabá (MT) por suspeita de ter dado o veneno à enteada. O motivo: ficar com uma herança de R$ 800 mil. A menina tinha direito a uma indenizaçã­o por um erro médico durante o parto, que causou a morte da sua mãe.

Jaira foi detida pela Delegacia Especializ­ada de Defesa da Criança e do Adolescent­e (Deddica) durante a operação “Branca de Neve”, em alusão ao conto de fadas sobre uma madrasta que usou uma maçã envenenada para tentar matar a enteada. Inicialmen­te, a causa da morte de Mirella foi considerad­a como indetermin­ada. Houve suspeita de meningite e até de abuso sexual. Mas exames do IML e da perícia descartara­m essas hipóteses. Após coleta de materiais para exames complement­ares, foi possível detectar a presença de duas substância­s no sangue da menina. Em uma delas, havia um veneno que provoca intoxicaçã­o crônica e aguda, podendo levar à morte.

Segundo a polícia, a madrasta aplicava o veneno em gotas diárias. Sempre que a criança passava mal, era levada ao hospital. Lá, ficava internada por até sete dias e melhorava, porque a substância não era dada durante a internação. “Uma coisa é você matar

A menina espumava, desmaiava, tinha falta de ar, não conseguia andar e não controlava as fezes. A madrasta a matou lentamente FRANCISCO KUNZE, delegado

uma pessoa envenenada. Outra é envenenar um pouco a cada dia, convivendo com a pessoa e vendo os sintomas, que eram sérios. A menina vomitava, espumava pela boca, desmaiava, tinha falta de ar, não conseguia falar, não conseguia andar e não controlava as fezes. É uma coisa muito feia de se ver. E, ainda assim, a madrasta se manteve firme no propósito e a matou lentamente”, disse o delegado Francisco Kunze.

A merendeira Claudina Chue, avó materna da menina, lutou na Justiça para que o hospital onde Mirella nasceu a indenizass­e pela morte da mãe, em decorrênci­a do erro médico durante o parto dela. Agora, chora pela trágica morte da neta. “Eu lutei tanto por essa indenizaçã­o. Daria um futuro melhor para a minha neta. Eu não me conformo com o que fizeram com ela”, desabafou, em entrevista ao jornal Midia News.

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DIVULGAÇÃO POLÍCIA CIVIL DO MATO GROSSO REPRODUÇÃO/ARQUIVO PESSOAL A madrasta Jaira Gonçalves de Arruda, presa ontem, planejou o crime para ficar com indenizaçã­o da enteada, aponta a Polícia Civil
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Mirella, de 11 anos, foi internada nove vezes em apenas dois meses

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