O Dia

Indústria de multas impera na cidade

- Dionísio Lins Presidente da Comissão de Transporte­s da Alerj

Acidade do Rio de Janeiro possui hoje cerca de 926 equipament­os eletrônico­s com a finalidade de aplicarem multas aos motoristas que descumpram as leis de trânsito. Mais conhecidos como pardais ou lombadas eletrônica­s, esses equipament­os normalment­e são instalados atrás de árvores, postes ou em sequência, como ocorre na Estrada do Catonho, que liga Jacarepagu­á até Sulacap. Mas o que mais chama a atenção é a falta de informação por parte da prefeitura e da CET-Rio no que diz respeito ao desligamen­to e instalação de novos equipament­os nas ruas da cidade, o que vem deixando os cariocas com uma enorme dor de cabeça. Isso porque muitos estão localizado­s em locais considerad­os áreas de risco, onde o número de assaltos e roubos de veículos é muito grande, fazendo com que o motorista não saiba se reduz a velocidade e corre o risco de entrar para a estatístic­a, ou acelere e acaba sendo multado. Toda essa si

tuação deixa uma dúvida no ar, que é a possibilid­ade da existência de uma indústria de multas no Rio de Janeiro.

Porém, acredito ser de fundamenta­l importânci­a que o executivo municipal seja mais claro e transparen­te no número de equipament­os, em relação ao quanto está sendo arrecadado e onde efetivamen­te esse dinheiro está sendo aplicado, pois até o momento não sabemos se esses equipament­os que brotam da noite para o dia tem a finalidade de ajudar ao trânsito ou arrecadar para os cofres públicos.

Vale ressaltar que chegam aos órgãos de trânsito inúmeras reclamaçõe­s de motoristas advertindo sobre a instalação dos equipament­os em locais de difícil visualizaç­ão, além da falta de sinalizaçã­o adequada e limite de velocidade permitida com placas colocadas à 300m, 200m e100m respectiva­mente. Para se ter uma ideia, em 2018 a arrecadaçã­o com multas de trânsito e radares passou dos R$ 244 milhões milhões.

Lembramos ainda que o parágrafo 1º e 2º do artigo 320 do Denatran determina que 4% da receita provenient­e da arrecadaçã­o com a aplicação de multas de trânsito deva ser depositado no Fundo Nacional de Segurança de Trânsito (Funset); e apesar de toda a propaganda feita, ninguém sabe na verdade para onde vai toda essa verba.

Leis são para serem cumpridas e não discutidas; desde que não tragam prejuízo para o bolso do cidadão que é obrigado a pagar seus impostos mensalment­e e sem atraso. E nesse contexto estão incluídas as normas de trânsito que devem ser respeitada­s. Mas uma dúvida não sai da cabeça dos motoristas:como confiar em uma Junta Administra­tiva de Recursos de Infrações (Jaris), já que mais de 80% dos recursos apresentad­os pelos motoristas são indeferido­s? Qual seria a verdadeira intenção com a proliferaç­ão desses pardais? Educar ou arrecadar? Creio que para dirimir qualquer dúvida em relação a infração, seria prudente que os agentes de trânsito fotografas­sem o veículo como prova do erro.

Penalizar o excesso de velocidade, avanço de sinal e dirigir depois de ingerir bebida alcoólica colocando em risco a vida de outras pessoas é mais do que correto. Agora, multar indiscrimi­nadamente, na maioria das vezes sem comprovar o erro, é completame­nte inaceitáve­l.

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