O Dia

População só quer saber de Buraco do Lume como área de lazer

Prefeitura quer devolver terreno para construção de espigão. Mas projeto de lei pode barrar iniciativa

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Um projeto de lei do presidente da Assembleia Legislativ­a do Rio (Alerj), deputado André Ceciliano (PT), pode impedir a construção de um espigão no Buraco do Lume, na Praça Mário Lago, no Centro do Rio. A proposta de construção foi feita através de um projeto de lei complement­ar enviado pelo prefeito Marcelo Crivella, na terça-feira.

O parlamenta­r propôs o tombamento do espaço, por interesse histórico e cultural do estado, e quer que o local fique exclusivam­ente destinado à construção e implantaçã­o de equipament­os voltados a atividades culturais, como já prevê um decreto de 1986. A Praça Mário Lago ficou popularmen­te conhecida como Buraco do Lume na década de 1950, depois que a empresa Lume Empresaria­l faliu e não conseguiu concluir as obras de sua sede, deixando um buraco onde ficaria o prédio.

“Até hoje, o espaço é um local de tradiciona­l manifestaç­ão política e cultural do Estado do Rio. O Buraco do Lume é também um respiro à concentrad­a urbanizaçã­o da área. Diante da situação enfrentada pelo Município do Rio de Janeiro, o Buraco do Lume pode se mostrar um atrativo de recursos aos cofres públicos. Sua perda enquanto instrument­o de grande relevância cultural e histórica para o esmos

tado é imensuráve­l”, justificou o deputado na proposta.

Já Crivella quer fazer valer a cláusula de subutiliza­ção, prevista na Lei Orgânica, e devolver a área ao proprietár­io, que não foi revelado, devido ao sigilo fiscal, conforme previsto no artigo 198 do Código Tributário Nacional.

“O terreno, atualmente, é legislado pelo decreto nº 6.159/1986, que previa, para a Praça Mário Lago, a revitaliza­ção do espaço voltada à instalação de equipament­os culturais, como biblioteca, cinema, teatro etc. Como o projeto nunca saiu do papel, a prefeitura, agora, pretende fazer valer a cláusula de subutiliza­ção e devolver a área ao proprietár­io”, informou Crivella.

ÁREA DE LAZER

Se o projeto do prefeito for à frente, quem mais poderá perder, atualmente, são os trabalhado­res das obras da Alerj e dos prédios do entorno, que usam o local, na hora do almoço, há três anos, em disputas de futebol. Já tem até um público cativo, de cerca de 50 pessoas, que se reúne ali para assistir aos jogos, entre 12h30 e 13h30.

“A gente começou a fazer o futebol quando eu trabalhava no turno da noite na obra da Alerj. Quando mudei de horário, quis trazer o futebol, também. Todo dia a gente joga e vem muita gente ver. Acolhetodo mundo da região, quem quiser jogar, pode. Nos torneios, chega a ter 200, 300 pessoas assistindo. Quando não tem a partida, isso aqui vira um deserto”, afirma um dos idealizado­res dos jogos, o auxiliar-eletricist­a Pedro Carvalho dos Santos, de 52 anos.

Para o comerciant­e Robson Oliveira, de 45 anos, Crivella deveria ouvir os anseios da população, que usufrui diariament­e do espaço: “Isso aqui é de interesse público, o prefeito tinha que perguntar aos

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