O Dia

ADOLESCENT­E É EXECUTADO POR LADRÕES DE CELULAR NA BAIXADA

Mais um jovem assassinad­o

- THUANY DOSSARES thuany.dossares@odia.com.br

Atia do estudante Breno Belo Valuche, de 16 anos, levava o rapaz todos os dias pela manhã no ponto de ônibus, perto da rua onde eles moravam, no bairro Boa Esperança, em Nova Iguaçu, para ele ir à Escola Municipal Monteiro Lobato, no Centro da cidade. O beijo de despedida fazia parte da rotina da família, mas, ontem, o até logo não aconteceu. No caminho para o ponto, ela voltou em casa rapidament­e e pediu para o sobrinho não pegar o ônibus sem falar com ela. De longe, ouviu o barulho dos tiros que tiraram a vida de Breno.

Por volta das 6h30, criminosos num Nissan Versa branco abordaram Breno, na Rua Curtidor, e anunciaram um assalto. Segundo parentes, os bandidos queriam o celular que estava na mão do estudante, mas ele teria se recusado a dar e levou um primeiro tiro no ombro. O adolescent­e teria falado que não havia necessidad­e daquilo e quis tentar então entregar o aparelho, mas os assaltante­s teriam dito que ele estava de marra e que não queriam mais. Breno foi atingido por pelo menos oito tiros, um deles no rosto.

“Ela levava ele no ponto todo santo dia. E ficava esperando o ônibus com ele. Quando ela o viu caído, entrou em desespero”, contou outra tia de Breno, a dona de casa Ana Cristina dos Santos.

O estudante, que cursava o primeiro ano do ensino médio e morava com a avó paterna e com uma tia, havia prometido ao seu irmão caçula, de apenas 2 anos e que mora com a mãe, que o levaria ao shopping.

“O irmão dele é um bebê, que está perguntand­o por ele. Ele está esperando pelo Breno, sabia que ia passear. A mãe deles está arrasada, destruída”, disse Ana Cristina.

“Meu sobrinho era muito brincalhão, agitado, vivia rindo. Era muito estudioso, trabalhava para ter o dinheirinh­o dele. Nós só queremos justiça agora”, afirmou a dona de casa.

MOTORISTA SEQUESTRAD­O

Momentos antes de assassinar Breno, os criminosos haviam sequestrad­o um motorista de aplicativo na Posse, em Nova Iguaçu. E foi nesse mesmo veículo que eles abordaram o estudante. Por 40 minutos, o refém ficou sob a mira de uma pistola.

A vítima contou que estava saindo para trabalhar, quando quatro bandidos num Fiat Argo o fecharam, por volta das 5h30. Dois criminosos entraram em seu carro. Um assumiu a direção e o outro foi com ele para o banco de trás, apontando uma arma para sua cabeça durante todo o crime.

“Eles perguntara­m se eu era policial, chegaram a verificar meus documentos e depois pediram meu celular e as senhas do meu cartão. Mandaram eu olhar para baixo e não fazer nenhum movimento brusco. Pareciam que estavam procurando alguém para roubar mesmo”, narrou o homem.

O motorista contou que os bandidos saíram do seu carro bem próximo de onde assassinar­am Breno e que chegou a ouvir os tiros.

“Eu disse ao tio dele, que preferia mil vezes que tivessem levado o meu carro do que tivessem tentado assaltar esse menino. Bem material eu corria atrás depois, o seguro cobria o carro. Mas uma vida?”, disse ele, que não quis se identifica­r.

Traumatiza­do, o motorista disse que não sabe como vai ser seu próximo dia de trabalho. “É um terror psicológic­o horrível. Tive medo de morrer e só pensava no meu filho. Preciso de uns dias para descansar agora, amanhã não vou conseguir trabalhar, ainda estou assustado”, lamentou.

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ARQUIVO PESSOAL Breno Valuche: o rapaz de apenas 16 anos foi assassinad­o por bandidos com o uniforme da escola

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