O Dia

INSEGURANÇ­A FAZ COM QUE MOTORISTAS DE ÔNIBUS FUJAM DA BRASIL

Frequentes episódios de violência levam motoristas e cobradores a pedir para sair de linhas que passam pela Avenida Brasil

- THUANY DOSSARES thuany.dossares@odia.com.br

Motoristas de ônibus e cobradores que trafegam pela Avenida Brasil têm desenvolvi­do problemas psicológic­os após sofrerem episódios de violência, como assaltos e ameaças, durante o trabalho. Segundo o Sindicato dos Motoristas e Cobradores do Rio de Janeiro (Sintraturb -Rio), o número de profission­ais traumatiza­dos chamou atenção da entidade, que irá oferecer, a partir do próximo mês, atendiment­o psicológic­o para a categoria. De acordo com levantamen­to do órgão, seis das linhas mais atacadas por criminosos na cidade cortam a via, que liga a Zona Oeste ao Centro — mensalment­e, cerca de 26 rodoviário­s pedem para suas empresas os troquem de trajeto.

Segundo o sindicato, as linhas mais atacadas são 790 (Campo Grande-Cascadura), 399 (Pavuna-Centro), 397 (Campo Grande-Tiradentes), 614 (Nova América-Alvorada) e 348 (Rio Centro-Candelária). O levantamen­to foi feito através de relatos dos rodoviário­s que procuram a entidade para comunicar as agressões sofridas. “Passar na Avenida Brasil se tornou loteria para a gente. Converso com outros colegas e sempre ficamos sabendo de ônibus assaltados, com bandidos armados. Trabalho com medo, apreensivo, me tornei um cara bem mais estressado”, desabafou o rodoviário X, de 29 anos, que preferiu não se identifica­r, durante viagem feita pelo DIA no ônibus da linha 397.

O motorista, que está na profissão há quase três anos, já foi vítima de um assalto. Segundo ele, os pontos mais críticos da Avenida Brasil ficam entre as passarelas cinco e sete, na altura do Caju, Vila do João e Timbau, respectiva­mente. Os últimos dois pontos margeiam comunidade­s do Complexo da Maré. O profission­al informou ainda que o tipo de abordagem dos criminosos costuma ser parecida e que ele e seus colegas adotaram algumas precauções para tentar não serem vítimas dos bandidos.

“A maioria dos assaltos é cometida por mais de um criminoso. Eles costumam estar em três, entram de mochila, estão de boné. Quando a gente vê esse perfil, já fica logo com medo e, às vezes, passamos até do ponto, não paramos por medo. Acontece também de, em determinad­o horário, a gente não parar nesses pontos que são mais perigosos. Outro problema é a saída de bailes. Já aconteceu de bandido ir no meio da rua e intercepta­r o ônibus para entrarem várias pessoas por trás”, contou o rodoviário da linha 397.

Passar na Avenida Brasil se tornou loteria. Converso com outros colegas e sempre ficamos sabendo de ônibus assaltados, com bandidos armados. Trabalho com medo, apreensivo, me tornei um cara bem mais estressado X, motorista

Infelizmen­te, esse tipo de delito vem aumentando descontrol­adamente. Para nós, somente a colocação de câmeras nos ônibus não é suficiente SEBASTIÃO JOSÉ, presidente do Sintraturb-Rio

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REGINALDO PIMENTA
 ?? REGINALDO PIMENTA / AGENCIA O DIA ?? Ponto final da linha 397, na Avenida Presidente Vargas, no Centro da cidade: relatos de violência
REGINALDO PIMENTA / AGENCIA O DIA Ponto final da linha 397, na Avenida Presidente Vargas, no Centro da cidade: relatos de violência

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