SUCESSO NA NOVELA, QUADRA DO CACIQUE DE RAMOS VIVE LOTADA
Criado em 1961, o Cacique de Ramos reúne há décadas a nata do samba carioca e tem marcado presença na novela ‘Bom Sucesso’, da TV Globo
Um dos patrimônios do subúrbio carioca, o Cacique de Ramos está muito bem na fita. Quer dizer, está muito bem na novela. Afinal, a sede da tradicional agremiação carnavalesca tem servido de cenário para a trama de ‘Bom Sucesso’, da TV Globo. É lá que, vira e mexe, a protagonista Paloma, vivida pela atriz Grazi Massafera, se diverte em noites animadas de samba.
Com 58 anos de história — foi fundado em 20 de janeiro de 1961 —, o Cacique de Ramos enche de orgulho moradores e frequentadores do espaço. Primeiro presidente da agremiação, Ubirajara Felix do Nascimento, mais conhecido como Bira, comemora o sucesso que o bloco faz até hoje. “Todo mundo ama o Cacique e vem prestigiar nossas rodas de samba. E a gente não cobra entrada”, destaca Bira.
Tombado pelo governo do estado como patrimônio imaterial em 2010, a história do bloco se confunde com a do próprio Bira. Em boa forma aos 81 anos, foi no Cacique de Ramos que Bira se consagrou na música brasileira, com o Fundo de Quintal. Formado no fim dos anos 1970, o grupo foi criado nas rodas de samba da agremiação. “O Fundo de Quintal é o grupo mais premiado no Prêmio da Música Popular Brasileira. Em 22 edições, nós ganhamos 19 vezes. E olha que ser indicado já é importante”, orgulha-se.
Sucesso consagrado no Brasil, Bira faz questão de dizer que o grupo criado por ele, no quintal de sua ‘casa’, também é respeitado no exterior. “A gente faz muito show fora do Brasil e eu fico emocionado com o carinho, porque a gente vai justamente levar a cultura do samba autêntico e de raiz lá pra fora e é muito bem recebido”, comemora.
CASA DE SUCESSOS
Mas ter criado o Fundo de Quintal não é o único orgulho que o Cacique de Ramos — e seu primeiro presidente — carregam na história. O espaço foi também palco do nascimento de grandes artistas brasileiros. “E eu sou criador de talentos na música popular brasileira. Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Emílio Santiago, João Nogueira, Jovelina Pérola Negra, Neguinho da Beija-Flor. Se eu ficar falando, vou ficar falando por horas”, brinca.
Outro grande nome do samba nacional que teve a história marcada pela agremiação foi Beth Carvalho “A Beth era da Bossa Nova, mas ela ouviu falar do Cacique e quis conhecer. Ela pediu para que a trouxessem aqui porque queria entender como a gente fazia para criar tantos talentos sendo um modesto bloco carnavalesco. Mas quando ela chegou, chorou, se emocionou. Até hoje ela é madrinha do Fundo de Quintal e do Cacique”, lembra Bira, emocionado ao falar da amiga, que morreu em abril passado.
Orgulhoso, Bira tem na ponta da língua a razão para o Cacique conseguir criar tantos talentos na música. “Aqui é uma casa de sucessos porque foi criada com o intuito de preservar a música popular brasileira. Os nomes famosos de outrora são representados por esses nomes que criamos aqui. Eu sou muito grato por isso”, vibra. O presidente arrisca, inclusive, fazer previsões dos novos talentos que a casa vai lançar. “Tem um ou dois ali, que estão tocando, que já podem ser chamados pra fora. Eles têm tudo para fazer sucesso como nossos outros famosos”, finaliza.
Todo mundo ama o Cacique e vem prestigiar nossas rodas de samba. E a gente não cobra entrada BIRA, primeiro presidente da agremiação
Aqui é a segunda casa de muitos. Famílias vêm para cá para comemorar aniversário. Não é só mais Carnaval UBIRAJARA FELIX DO NASCIMENTO, o Bira