O Dia

‘Não deram prioridade para eles’

Parentes acusam hospital de desleixo e falta de estrutura para informar sobre pacientes internados

- MARINA CARDOSO marina.cardoso@odia.com.br

Seis mortos no incêndio do Hospital Badim foram enterrados ontem. Filho de Luzia Mello, de 88 anos, Emanuel não se conforma com a tragédia: “Eles foram deixados lá para morrer”.

Os corpos de seis vítimas do incêndio no Hospital Badim, na Tijuca, foram enterrados ontem. Luzia de Santos Mello, de 88 anos, foi sepultada às 10h, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Zona Norte. Durante o velório, amigos e familiares fizeram orações e cantaram músicas religiosas.

Muito emocionado, o filho de Luzia, Emanuel de Santos Mello, de 61 anos, disse que a mãe e os outros pacientes idosos foram deixados para trás: “Não era para a minha mãe morrer daquela forma. Eu estava com ela, viva, mas fui obrigado a sair de lá, e quando a vi de novo estava morta. Volto a dizer que ela foi assassinad­a. Foi abandonada lá, assim como os outros idosos. Não deram prioridade para eles. Eles foram deixados lá para morrer”, afirmou Emanuel, em discurso aos prantos.

Darcy da Rocha Dias, de 88, foi enterrada às 10h, no Cemitério de Inhaúma, também na Zona Norte. Já os sepultamen­tos de Marlene Menezes Fraga, de 85; Virgílio Claudino da Silva, de 66; e Irene Freitas de Brito, de 84, ocorreram às 11h, no Cemitério do Catumbi, na região central. O enterro de Maria Alice Teixeira da Costa, de 76, estava marcado para 16h, no Cemitério São Miguel, no Município de São Gonçalo.

NOTÍCIA PELA TV

Daniel de Freitas Brito, de 48, filho de Irene, contou que soube do incêndio pela TV. “Acho que o hospital não tinha nem estrutura para informar (sobre o incêndio) a cada parente de paciente. A situação ficou muito difícil”, lamentou.

Os irmãos de Virgílio Claudino da Silva, que estava internado no Badim por conta de um AVC, cantaram o hino dos paraquedis­tas em homenagem a ele. “O problema todo foi em função do desleixo da entidade e das próprias circunstân­cias dos bombeiros, que retiraram os pacientes naquela loucura. Ele (Virgílio) vivia por conta desses aparelhos”, relatou Ivanildo Claudino, irmão da vítima.

Já Dafne Fraga, de 40 anos, neta de Marlene Fraga, ressaltou que tanto os funcionári­os do hospital quanto o Corpo de Bombeiros foram muito prestativo­s, mesma naquele momento de total tensão. “A gente soube (do incêndio) pela TV e correu para lá na mesma hora. Eu, minha irmã e minha prima nos dividimos entre o Hospital Badim e o Quinta D’Or. As informaçõe­s estavam muito desencontr­adas, mas lá no Badim todos os funcionári­os estavam correndo atrás de ajudar. Em nenhum momento houve negligênci­a. Todos estavam muito envolvidos, tanto que tem funcionári­o internado”, afirmou.

Dafne afirmou que o hospital ofereceu apoio aos familiares no IML, “pagando todos os custos, oferecendo todo suporte, o que alivia muito para a família neste momento (...) Eu sei que no Rio de Janeiro falta uma estrutura, até de outros estabeleci­mentos, para terem medidas de segurança melhores. Mas os bombeiros estavam dando a vida para resgatar as pessoas”, completou Dafne, lembrando que a avó receberia alta do CTI no dia do incêndio.

Emanuel, filho de Luzia Mello: “Ela foi abandonada lá, assim como os outros idosos. Eles foram deixados lá para morrer”

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RICARDO CASSIANO Filho de Luzia Mello, Emanuel lamentou: “Não era para minha mãe morrer daquela forma”
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REPRODUÇÃO / INTERNET FOTO CEDIDA POR LEITOR O incêndio no alojamento de jogadores de base do Flamengo deixou 10 jovens mortos, em fevereiro
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Fachada do prédio em Ipanema ficou marcada pelo fogo e fumaça

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