O Dia

Reajuste de benefícios do INSS não ficará congelado

Governo volta atrás e aumento do mínimo será mantido com base na inflação. Briga de aposentado­s agora é por política de valorizaçã­o

- MARTHA IMENES martha.imenes@odia.com.br

O governo voltou atrás e decidiu não mais desvincula­r o reajuste do salário mínimo da Constituiç­ão. Com isso aposentado­rias, pensões e benefícios do INSS continuarã­o vinculados ao aumento do piso nacional, o que garante correção pela inflação. A questão agora é outra: representa­ntes de aposentado­s e parlamenta­res vão cobrar do governo Bolsonaro a adoção de uma política de valorizaçã­o do mínimo, conforme a que vigorou de 2004 até 2018.

Este foi o primeiro ano que aposentado­s e pensionist­as do INSS que ganham o mínimo não tiveram ganho real, acima da inflação. Foi levado em conta somente o INPC, que fechou em 4,61%, e não mais o índice adicionado à variação do PIB, a soma das riquezas do país dos últimos dois anos, como era feito antes.

O mínimo proposto pelo governo para o ano que vem é de R$ 1.039, abaixo R$ 1 da previsão inicial que constava no Projeto de Lei Orçamentár­ia de 2020 enviada ao Congresso. “Esse valor é exatamente o número de 2019 corrigido pelo INPC. Não é nossa política de salário mínimo. Temos até o fim do ano para estabelece­r nossa política de salário mínimo”, chegou a afirmar o secretário especial da Fazenda, Waldery Rodrigues.

E é justamente essa política de salário mínimo que João Batista Inocentini, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentado­s e Idosos, da Força Sindical, cobra do governo. Segundo ele, a falta de valorizaçã­o do piso achatará ainda mais os benefícios. “É preciso criar uma forma de recompor a renda dos aposentado­s”, afirmou ao DIA.

O deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP) defende que se mantenha o reajuste de acordo com a inflação dos 12 meses anteriores acrescida do cresciment­o da economia de dois anos antes. Na próxima segunda-feira, inclusive, o parlamenta­r vai se reunir com representa­ntes dos aposentado­s para traçar uma estratégia de mobilizaçã­o para que o governo retome a política de valorizaçã­o do mínimo.

Vale lembrar que a Constituiç­ão determina que o piso nacional deve ser atualizado pela inflação para que não haja perda do poder de compra. Nos últimos anos, o governo adotou fórmula de cálculo que garantia aumento real, ou seja, acima da inflação.

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DIVULGAÇÃO Inocentini vai se reunir com Paulinho para discutir estratégia­s de luta

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