O Dia

Witzel garante Estado do Rio no regime fiscal

Sem o acordo, salários ficariam ameaçados, pois o governo teria que pagar R$ 30,8 bilhões à União

- SERVIDOR Paloma Savedra

Ogovernado­r Wilson Witzel garantiu ontem que o Estado do Rio não será excluído do Regime de Recuperaçã­o Fiscal (RRF), mesmo que esteja fora dos ‘padrões’ exigidos pelo Conselho de Supervisão que acompanha o RRF. O Rio aderiu ao regime em setembro de 2017, e, com isso, regularizo­u os salários dos servidores. Se a União romper o acordo, o governo fluminense já terá que pagar R$ 30,8 bilhões ao Tesouro Nacional no mês seguinte a sua saída. O que representa uma clara ameaça ao pagamento do funcionali­smo, pois o valor excede a folha salarial (bruta) de um ano, que é de R$ 28,6 bilhões.

O montante de R$ 30,8 bilhões que o Rio já teria que honrar com a União caso haja exclusão do regime é referente a tudo que o governo estadual deixou de pagar ao Tesouro desde 2017.

Assim, diante de qualquer perigo de isso acontecer, o governo pensa em judicializ­ar questões que envolvem o assunto e recorrer ao Supremo Tribunal Federal — como Wiltzel reafirmou ontem, em evento no BNDES.

“Não corremos o risco de sair da recuperaçã­o fiscal. Temos, sim, ajustes a fazer”, declarou o governador. Ele também questionou empréstimo­s contratado­s pela gestão Cabral. A intenção de Witzel é, dependendo do desenrolar das negociaçõe­s com o governo federal, de ir ao Supremo para discutir os endividame­ntos que são fruto de operações feitas pelo exgovernad­or Sérgio Cabral.

Witzel l embrou que o governo já entregou ao ministro da Economia, Paulo Guedes, em junho, uma proposta de revisão dos termos do Plano de Recuperaçã­o Fiscal. E frisou que, quando o acordo foi assinado, a gestão Pezão apresentou plano com metas e obrigações que “não são factíveis”.

O convênio feito entre o Rio e o governo federal, em setembro de 2017, tem como principal e mais imediata medida a suspensão do pagamento das dívidas que o Executivo fluminense tem com o Tesouro Nacional.

O valor total é de R$ 118 bilhões, que deverão ser quitados em parcelas a partir de setembro de 2020 até 2049. Em 2016 e 2017, pior período da crise financeira estadual, a União bloqueava os cofres fluminense­s devido ao não pagamento dos débitos. E isso atrasava ainda mais o salário do funcionali­smo.

CONSELHO DE OLHO

Para se manter sob a vigência do regime, o governo estadual tem que cumprir as vedações impostas pela Lei Complement­ar 159 de 2017, que criou a recuperaçã­o fiscal dos estados. E o último relatório do Conselho de Supervisão, divulgado na terça-feira, com dados referentes a julho, apontou 16 irregulari­dades.

Desses itens, o que realmente configura ameaça é uma lei aprovada no fim de 2018 pela Alerj que garante mais progressão na carreira de docentes da Uerj. E o Estado do Rio tem até 3 de outubro para apresentar aos conselheir­os a compensaçã­o financeira dessa medida — o corte de despesa de algum lado para viabilizar esse aumento de gastos.

À Coluna, o secretário de Fazenda, Luiz Cláudio Carvalho, afirmou de forma categórica que o estado permanecer­á no regime. E que, para isso, lançará mão das ações necessária­s. “Não existe possibilid­ade de o estado sair do regime”, garantiu. Sobre a questão da Uerj, ele disse que, de fato, o governo demorou para mensurar o impacto dessa medida.

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WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO Witzel falou em ir ao STF para discutir dívidas da gestão Cabral
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