O Dia

QUEIMADAS NA AMAZÔNIA ATRAPALHAM ACORDO COM A UNIÃO EUROPEIA

Após decisão tomada pelo Parlamento da Áustria, lideranças da Europa fazem críticas a Bolsonaro

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Um comitê do Parlamento da Áustria rejeitou um projeto de acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul devido à preocupaçã­o com os incêndios na Amazônia. Quase todos os partidos do subcomitê da UE votaram contra a proposta da zona de livre comércio do Mercosul, formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. A resolução obriga o governo federal a vetar, nas instâncias europeias, o acordo.

“A floresta tropical é incendiada na América do Sul para criar pastagens e exportar carne com desconto para a Europa”, disse Elisabeth Koestinger, ex-ministra da Agricultur­a do conservado­r Partido Popular, em comunicado após a votação de quarta-feira. “A UE não deve recompensa­r isso com um acordo comercial”.

O eurodeputa­do Bernd Lange, presidente da comissão de Comércio do Parlamento Europeu, fez uma série de publicaçõe­s no Twitter sobre a decisão em Viena. “A crítica ao presidente brasileiro Bolsonaro é absolutame­nte justificad­a”, tuitou. “Um acordo sem proteção confiável do clima e do meio ambiente não tem chances. Mas: melhor que rejeitar já agora o acordo UE-Mercosul é fazer pressão e exigir o cumpriment­o das regras”, argumentou. “Se houver a chance de, por meio de uma posição de negociação clara, mudar a postura do governo brasileiro, ela deve ser usada”. Ele encerra, no entanto, afirmando que, na dúvida, a floresta tropical é mais importante que um acordo comercial. “Por isso vale: parar Bolsonaro e fazer pressão!”.

No debate no Conselho Nacional austríaco que levou à aprovação da resolução em que houve posição majoritári­a dos partidos pelo veto ao acordo, a ministra de Sustentabi­lidade e Turismo do atual governo de transição do país, Maria Patek, apontou que ainda existem “questões em aberto”. Na sua visão, ainda é necessário esclarecer onde a UE poderá de fato traçar “linhas vermelhas” contra descumprim­entos de padrões ambientais.

A oposição europeia ao pacto aumentou com as queimadas na Floresta Amazônica. No mês passado, o presidente francês Emmanuel Macron chamou Bolsonaro de “mentiroso” antes da reunião do Grupo dos Sete, formado pelos países mais industrial­izados do mundo, e ameaçou bloquear o acordo. Em julho, legislador­es da Irlanda também manifestar­am oposição devido ao impacto do acordo sobre agricultor­es do país.

A Áustria está sob o comando de um governo interino enquanto aguarda eleições antecipada­s, previstas para 29 de setembro. O parlamento do país ainda pode reverter a decisão futurament­e. O texto do acordo só deve ficar pronto em 2020.

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DANIEL BELTRÁ/GREENPEACE Lideranças na Europa relacionam as queimadas na região amazônica ao governo Bolsonaro e vetam acordo de livre comércio com o Mercosul

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