O Dia

Mulher torturada por 17 horas

Em dois meses, programa prendeu 11 agressores e acompanhou 629 mulheres vítimas de violência

- MARIA LUISA DE MELO maria.melo@odia.com.br

Onze agressores que descumprir­am medida protetiva, ou foram flagrados agredindo mulheres, acabaram presos por agentes do programa Patrulha Maria da Penha, que completou dois meses, ontem. Segundo balanço do projeto da Polícia Militar, 629 mulheres vítimas de violência estão sendo visitadas regularmen­te até duas vezes por dia. O objetivo é impedir que os autores reincidam no crime, evitando que os episódios terminem em feminicídi­os.

Em um dos episódios, policiais do 14º BPM (Bangu) surpreende­ram um agressor que, mesmo impedido de se aproximar da ex-mulher, invadiu a casa logo que foi liberado da prisão. Por acaso, a mulher recebeu a visita dos policiais na viatura lilás do programa naquele dia. Foi a sorte dela.

“Se os policiais não estivessem ali naquele dia, não sabemos o que poderia ter acontecido. Esse agressor foi parar na prisão novamente”, explicou a major Claudia Moraes, subchefe do escritório de programas de prevenção da PM. “Muitos desses homens não só violam a ordem de se manter à distância das vítimas, como ameaçam, batem e cometem violência sexual”, completa, em referência aos agressores alvo de 26 mil medidas protetivas deferidas pelo Tribunal de Justiça do Rio, no ano passado.

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Entre os mais variados casos de agressão, que culminaram em pedidos de medidas protetivas, está o de um policial militar, lotado no 16º BPM (Olaria). Ele é acusado por sua mulher de tê-la torturado durante 17 horas, dentro da casa onde o casal vivia, em Duque de Caxias. Conforme O DIA noticiou com exclusivid­ade, no último dia 29, as agressões físicas e psicológic­as contra a mulher de 23 anos eram praticadas em uma residência com pouca iluminação, sempre fechada e que continha pichações com o nome do casal.

O sargento de 43 anos não só agredia sua mulher de 23 anos, como também a mantinha dopada no cárcere. Diante das denúncias da vítima, ele foi preso seis dias após a última sessão de tortura.

Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), quatro mulheres são agredidas e ameaçadas por homens a cada dia, no Estado do Rio.

Muitos desses homens ameaçam, batem e cometem violência sexual CLAUDIA MORAES, major da Polícia Militar

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DIVULGAÇÃO/ PHILIPPE LIMA Veículos e uniformes caracteriz­ados para a Patrulha Maria da Penha: acompanham­ento policial a mulheres vítimas de violência no Rio

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