O Dia

A justiça da PEC da Reparação

- Christian Edward Cyril Lynch Professor do IESP-UERJ e pesquisado­r da Fundação Casa de Rui Barbosa

Está tramitando na Câmara dos Deputados uma importante Proposta de Emenda à Constituiç­ão que, se for aprovada, vai gerar, nos próximos dez anos, R$ 70 bilhões aos cofres públicos do Estado Rio. É uma quantia consideráv­el, dada a atual situação das nossas finanças.

De autoria da deputada Clarissa Garotinho (Pros), a PEC da Reparação prevê a repartição, entre o Rio e Brasília, dos recursos do Fundo Constituci­onal do Distrito Federal, destinados atualmente somente à atual capital federal. Após uma década, o fundo seria extinto, e os recursos passariam a ser redistribu­ídos por todos os estados da federação.

Se por um lado a proposta recebeu o apoio imediato e irrestrito da bancada federal do Rio, virou também alvo preferenci­al dos deputados e políticos de Brasília. É preciso entender as razões de ambos.

Entre as justificat­ivas a favor da PEC, estão os sérios danos causados ao Rio em dois momentos históricos: a transferên­cia da capital federal, em 1960, e a fusão entre os antigos estados do Rio e da Guanabara, em 1975. Um grupo de historiado­res e cientistas políticos, no qual me incluo, aponta esses dois episódios como o início do declínio econômico

O Rio funciona praticamen­te como segunda capital do Brasil, conseguind­o, inclusive, o que Brasília jamais conseguiu: ser uma vitrine do país

da região fluminense. Se a proposta for aprovada, o nosso estado terá finalmente a compensaçã­o justa e necessária que nunca recebeu.

Com a alegação de que a finalidade do fundo é exclusivam­ente ajudar o DF a exercer suas importante­s obrigações de capital federal, os deputados brasiliens­es vêm atacando a proposta de forma sistemátic­a. Mas se esquecem de um fato. Quando era a sede do país, o Rio também recebia recursos da União, a título de ajuda, mas esse fundo foi extinto de forma abrupta, sem transição e indenizaçã­o. Fomos jogados à própria sorte.

Em outros países, antigas capitais são tratadas com o respeito e carinho que merecem. Só para ficar num exemplo, a Alemanha compensou a cidade de Bonn com uma indenizaçã­o de bilhões de euros, repassados durante dez anos, após o retorno da capital para Berlim. De bônus extra, Bonn ainda foi transforma­da em sede da ONU daquele país e recebeu o título de ‘Cidade Federal’.

A verdade é que o Rio funciona praticamen­te como segunda capital do Brasil, conseguind­o, inclusive, o que Brasília jamais conseguiu: ser uma vitrine do país. Além disso, somos a única região que possui mais funcionári­os públicos federais do que o próprio Distrito Federal. Nada mais justo que o nosso estado tenha uma nova janela de oportunida­des e, assim, possa se reestrutur­ar e voltar a investir, proporcion­ando mais qualidade de vida à população fluminense.

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