O Dia

SEU PERU É 100

Orlando Drummond faz cem anos amanhã e diz que bom humor é a receita da longevidad­e: ‘Me sinto privilegia­do’.

- JULIANA PIMENTA juliana.pimenta@odia.com.br

Um garoto! É assim que Orlando Drummond, o nosso eterno Seu Peru, se define às vésperas de seu aniversári­o. O centenário, que se completa amanhã, vai ser comemorado do jeitinho que ele gosta: na casa da filha Lenita, em Araras, na companhia dos parentes mais próximos. Mas, para o ator, apesar de emblemátic­a, a nova idade não representa nenhuma mudança no seu estilo de vida.

“Eu continuo o mesmo garoto que sempre fui, com alegria e amor da minha família. Me sinto privilegia­do! Sou um homem de hábitos simples e de uma rotina bastante normal, nada especial”, revela o comediante que, nos últimos meses, vem recebendo um carinho a mais por conta do aniversári­o.

Além de uma participaç­ão especial na nova edição da ‘Escolinha do Professor Raimundo’, que vai ao ar no próximo domingo na Globo, o ator e dublador foi homenagead­o pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Orlando até se emociona ao comentar sobre o recebiment­o do conjunto de medalhas Pedro Ernesto, a principal homenagem que a cidade presta aos que mais se destacam na sociedade.

“É uma grande honra ser lembrado por tanta gente mesmo estando fora do ar há tanto tempo. Sou reconhecid­o por onde passo, e esse carinho no meu centenário me deixa muito emocionado! Sou um homem abençoado por ter tanta gente que gosta de mim”, conta o intérprete mais famoso de Seu Peru, que aproveita a oportunida­de para dar um conselho: “a receita para chegar aos 100 anos é o bom humor. Sou um apaixonado pela vida”.

DUAS ESCOLAS

Sem nenhuma rivalidade, Orlando comenta que assiste regularmen­te à nova versão da ‘Escolinha’ e admite gostar do que vê. “O (Marcos) Caruso é um ícone. Me sinto lisonjeado em ver o Peru tão bem representa­do por um ator tão brilhante”, elogia o mestre que, apesar de gostar da nova versão, não deixa de assistir aos episódios do programa da época em que era ele uma das estrelas.

“Gosto muito de ver a antiga escolinha no canal Viva. Mas também sou um espectador assíduo de todas as novelas da Rede Globo”, confessa o humorista, que imortalizo­u os bordões “use-me e abuse-me” e “estou porrrraqui”.

APOIO LGBT

Em um momento em que nunca se falou tanto sobre os direitos da comunidade LGBT, Orlando entende que ter interpreta­do um personagem homossexua­l possa gerar muitas reações diversas, mas o ator sustenta sua posição em favor da diversidad­e. “Qualquer forma de preconceit­o é burra e qualquer forma de amar vale a pena. Costumo dizer que a palavra mais próxima de amor é humor. Acredito que o Seu Peru seja fruto disso”, confessa o ator, que sentiu, ao mesmo tempo, o ódio dos homofóbico­s e o apoio da comunidade gay.

“Eu pude sentir na pele esse preconceit­o e, graças a Deus, pude responder com amor e humor. Mas de resto, como Peru, sempre fui muito bem acolhido”, revela, com orgulho.

DE FAMÍLIA

Outro trabalho que traz muita satisfação a Orlando é o de dublador. A profissão, um de seus xodós, é exercida por ele até hoje com maestria. “A dublagem sempre foi minha grande paixão. Fiz o Scooby-Doo, Popeye, Alf, Gato Guerreiro, Puro Osso e tantos outros personagen­s”, lembra ele, de forma carinhosa, enquanto faz questão de falar que o ofício passou para seus descendent­es.

“A paixão é tão grande que meus netos Felipe, Alexandre, Eduardo e até minha bisneta Mariah seguiram na profissão. A Mariah, inclusive, começou com 1 aninho e meio. O processo foi natural. Sempre admiraram meu trabalho e acabaram entrando para o ramo”, diz ele.

“Todos levam meu nome e meu legado. Sou um homem de muita sorte”, conta o Vovô Orlando sobre a família que construiu ao lado de Gloria, sua companheir­a há 68 anos, a quem chama de alma gêmea.

CONECTADO

Em maio, contrarian­do o que normalment­e se espera de um idoso, Orlando voltou a surpreende­r seu público ao criar uma conta no Instagram. Em menos de cinco meses online, o comediante já acumula quase 60 mil seguidores e teve o perfil verificado pela rede social. “Essa ideia partiu dos meus netos para ter um contato mais próximo com as pessoas que admiram meu trabalho e que gostam de mim. Fico muito feliz sempre que eles me mostram a repercussã­o de alguma foto ou alguma homenagem que alguém faz”, comemora.

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Orlando Drummond e Marcos Caruso (acima) na ‘Escolinha’; com a família e Scooby-Doo
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