O Dia

Brizola Neto faz defesa do melhor uso do Sambódromo

- Sidney Rezende

● O sambódromo, na Avenida Marquês de Sapucaí, se transforma durante o Carnaval no palco central da maior festa popular do país. A construção feita durante o primeiro governo de Leonel Brizola (1983-1987) substituiu o “monta e desmonta” da estrutura metálica que era usada até então. Embaixo das arquibanca­das, eram para funcionar escolas públicas, dentro do conceito adotado pelos CIEPs, que este ano completa 35 anos. Neto do ex-governador, o vereador Brizola Neto lamenta o abandono do programa de educação criado pelo avô e por Darcy Ribeiro.

■ Qual a importânci­a do sambódromo para o Rio?

● Deu dignidade ao samba, à cultura, ao resgate dessa parte importantí­ssima para a cidade. Ali, o ano todo, as crianças estudavam numa escola de primeiro mundo. E isso foi destruído ao longo do tempo.

■ Não tem mais escola ali?

● Tem uma pequena creche e o que me assusta mais é que vejo muita discussão de privatizaç­ão do sambódromo, vai para a Prefeitura, vai para o Estado, fica essa briga, mas a educação e a escola nunca é colocada no meio ponto disso aí.

■ Esse ano se comemora 35 anos do CIEP. Qual sua avaliação?

● É a escola do povo. Isso está na memória. As pessoas carinhosam­ente chamaram de Brizolão. A primeira aula era um farto café da manhã. Você tinha pediatra, psicólogo, animador cultural. E uma coisa que às vezes a gente não se dá conta, o segundo professor, que o pobre não pode pagar. Quando o filho está em recuperaçã­o, você paga um professor particular.

■ O senhor foi autor de um projeto que possibilit­aria uma parte dos alimentos fornecidos às escolas serem orgânicos. Foi aprovado?

● Já é lei. A prefeitura não cumpre. O Estado vai bem nesse sentido e cumpre. Não precisa botar dinheiro. Ele já vem “casado” do governo federal. E, infelizmen­te, não é implementa­do na cidade do Rio.

■ E o que falta para essa lei ser cumprida?

● Vontade política do prefeito. O dinheiro vem direto aqui para ele comprar das famílias de agricultor­es locais. A gente tem inúmeras famílias produtoras na Zona Oeste. Tem produtores rurais que poderiam abastecer as escolas com comida de qualidade, sem agrotóxico.

■ O senhor é autor da lei que obriga o poder público incluir calçado no kit escolar?

● Isso é uma lei de 2019 que foi aprovada pela Câmara de Vereadores. O prefeito, infelizmen­te, não sancionou e a própria Câmara promulgou. Há déficit da prefeitura em não sancionar as leis. São mais de 80 projetos que a Câmara sancionou por cochilo da prefeitura.

■ Tem gente que o acusa de populista por defender a ideia de fornecer absorvente­s nos banheiros das escolas públicas. Qual a sua resposta?

● A mesma coisa do papel higiênico. É populista? Se o homem menstruass­e, teria absorvente em cada esquina. É questão de higiene e de saúde. Eu sinto muito aquele que acha que isso é uma ação populista.

■ Essa lei está sendo cumprida?

● Infelizmen­te não.

O senhor foi presidente de comissão que discutia abrigos para crianças. O que é mais urgente?

● Primeiro, que tem que ter uma reforma ampla em todos os abrigos da prefeitura. São de condições subumanas. Aqui no Catete, por exemplo, onde tem meninas, chovia e elas tinham que dormir embaixo de um guarda-chuva. Tinha seringa no portão, sem porteiro.

■ Os recursos são distribuíd­os para as OSs. Eles não chegam aos abrigos?

● Tem atraso sistemátic­o da prefeitura no pagamento nas organizaçõ­es sociais. Encaminham­os relatório à Comissão de Direitos Humanos, da OAB, da Alerj, relatando as condições extremamen­te inaceitáve­is dos abrigos. É melhor a criança ficar na rua do que morar no abrigo.

Tem produtores rurais que poderiam abastecer as escolas com comida de qualidade”

Se o homem menstruass­e, teria absorvente em cada esquina.” BRIZOLA NETO, Vereador

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